“Com a inteligência artificial, as câmeras detectam focos de incêndio e fornecem a localização geográfica exata em 3 a 5 minutos. Esse tempo é significativamente menor do que o do monitoramento via satélite, que demora de 4 a 6 horas”, explica Yanna Fernanda, secretária-executiva do IHP e engenheira florestal, em entrevista à Sputnik Brasil.
🔥🌳 Inteligência artificial entra em cena no Pantanal, detalha engenheira florestal à Sputnik Brasil
Apesar de ser um dos biomas mais ricos do mundo, o Pantanal trava frequentemente uma batalha contra as queimadas. A novidade é que agora, a inteligência artificial entrará em… pic.twitter.com/VBk6UEonmm
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Atualmente, cinco torres equipadas com câmeras de IA estão posicionadas na região da Serra do Amolar. Recentemente, uma das torres foi realocada para um ponto mais alto, ampliando o raio de visão. “Essa mudança foi essencial para monitorar uma área ainda maior”, diz Yanna.
O projeto tem apoio de instituições como umgrauemeio, Abrace o Pantanal e Onçafari e utiliza Internet via Starlink para facilitar a comunicação com brigadas e comunidades locais.
Essa infraestrutura permite a vigilância de áreas remotas, acessíveis apenas por barco ou avião. “Estar a seis horas de barco das áreas dificulta a ação. O sistema de monitoramento funciona como se estivéssemos presentes no território, mas de maneira muito mais eficiente”, ressalta a engenheira florestal.
© Foto / Instituto Homem Pantaneiro / DivulgaçãoSistema de monitoramento por satélite do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) (foto de arquivo)
Sistema de monitoramento por satélite do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) (foto de arquivo)
© Foto / Instituto Homem Pantaneiro / Divulgação
“O sistema é treinado. Toda vez que há uma detecção, tem também o nosso responsável pelo sistema, que verifica, e através das telas conseguimos verificar se realmente é um foco de incêndio.”
Apesar dos avanços tecnológicos, o Pantanal enfrenta desafios ambientais graves. Segundo a especialista, as mudanças climáticas e ações humanas têm causado impactos que exigem novas estratégias. “Em 2020, tivemos um incêndio que afetou 27% do bioma. Em 2024, a área atingida foi menor, cerca de 17%, mas ainda representou 2 milhões de hectares queimados.”
A perda de biodiversidade, segundo ela, é uma das maiores preocupações. “Animais de locomoção mais lenta não conseguem escapar do fogo. Além disso, a flora, incluindo áreas de restauração com 25 mil mudas plantadas, foi destruída.”
Por que o Pantanal está pegando fogo?
Outro problema é o nível crítico do rio Paraguai, agravado pela falta de chuvas. Em 2023, o nível chegou a -69 cm, afetando o turismo e dificultando a navegação. “Tivemos brigadas que precisaram puxar barcos manualmente porque o motor não era suficiente”, relata Yanna Fernanda.
Como forma de tentar mitigar os impactos, o IHP desenvolve projetos de recuperação e proteção de nascentes em rios afluentes, como Aquidauana, Miranda e Salobra. “Esses trabalhos são essenciais para garantir o fluxo hídrico e reduzir os passivos ambientais.”
A engenheira destacou a importância de ações globais, como o mercado de créditos de carbono, para financiar projetos de conservação. “O mercado internacional tem demonstrado interesse em iniciativas voltadas para a preservação. Isso é fundamental para proteger um bioma tão único e vulnerável como o Pantanal.”
Fonte: sputniknewsbrasil