Gilmar Mendes diz que “é inequívoca” a responsabilidade política de Bolsonaro pelos atos de 8 de janeiro


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Via @bahianoticias | Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (8), o ministro Gilmar Mendes foi questionado pela banca de entrevistadores sobre os desdobramentos dos ataques às sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro. Gilmar respondeu pergunta se o ex-presidente Jair Bolsonaro poderia ser considerado o mentor intelectual do 8 de janeiro e sobre sua responsabilidade jurídica nos atos antidemocráticos, e revelou que as manifestações de 7 de setembro de 2021 em Brasília haviam lhe causado forte temor.

“Primeiro é preciso julgar para depois condenar, já dizia a música. Mas a responsabilidade política é inequívoca. Bolsonaro avançou o sinal. Todas essas manifestações eram testes, e eles queriam muito uma GLO, havia grande expectativa em relação a isso. No 8 de janeiro eles queriam uma GLO, já que se colapsou a PM do Distrito Federal, mas Deus sabe o que se viria a partir disso. A mim me parece que houve uma aposta no caos, para se ver o que viria depois. Mas o 7 de setembro de 2021 me causou muito mais temor, com caminhões avançando do Itamaraty para a parte de baixo. Um caminhão poderia ter entrado no Supremo”, afirmou.

Gilmar Mendes revelou no Roda Viva conversas mantidas com o então ministro da Justiça, Anderson Torres, que hoje se encontra preso por omissão e negligência como secretário de Segurança do DF nos atos do dia 8 de janeiro. O ministro lembrou que falou por diversas vezes com Anderson Torres no dia do segundo turno, quando ocorreram operações de policiais rodoviários federais no Nordeste com suspeita de manipulação eleitoral. Gilmar também disse que falou com o ministro sobre os bloqueios de estradas nos dias seguintes à vitória de Lula no segundo turno. 

“Eu acompanhei o dia da eleição do segundo turno, e conversei dez vezes com o Anderson Torres sobre o problema que estava ocorrendo, de tentativa de manipulação eleitoral. Depois em seguida vieram as manifestações. No Mato Grosso, por exemplo, meu estado, que eu conheço razoavelmente, as manifestações nas estradas estavam sendo coordenadas a partir de Brasília, se sabia isso. Não eram motoristas de caminhão. Eram donos de caminhões que colocaram os carros. E como se tira uma carreta da estrada? Falei com o Anderson Torres e ele me disse: precisamos de uma GLO. Ou seja, a GLO estava naquelas cabeças”, explicou. 

O ministro do STF disse que acompanhou a trajetória de Anderson Torres no Ministério da Justiça desde começo, principalmente quando aconteceram as discussões sobre o hacker. Gilmar lembrou que Anderson foi inserido no inquérito das fake news, e posteriormente teria ido ao seu gabinete no STF assustado, onde ouviu uma reprimenda do ministro.

“Eu vi a atuação do Anderson desde o começo quando vieram as discussões sobre o hacker, e depois ele participou da live com o Bolsonaro. Ele foi inserido no inquérito das fake news, do ministro Alexandre, e ele ficou um pouco assustado e veio ao meu gabinete. Eu disse a ele que tudo que ele tinha feito era impróprio. O inquérito estava com um delegado e ele levou para aquela live. Aquilo foi errado. Eu disse a ele que se faltar inspiração para o posto, que desse uma volta na galeria de retratos do ministério. Olhe a galeria de retratos e isso vai te inspirar. Mas ele continuou com esse viés, talvez porque faltasse percepção da delicadeza da função, e certamente ele avançou sinais. Quando eu vi a notícia de que ele voltaria a ser secretário no DF, falei com o governador Ibaneis, que pareceu tranquilo, disse que ele tinha sido cooperativo com o DF. Ele então tomou posse, depois viajou para Miami e o resultado foi o que vimos. O governador cometeu grave erro político, como nós sabemos”, concluiu o ministro. 

O programa Roda Viva é apresentado pela jornalista Vera Magalhães. Participaram da bancada os jornalistas Felipe Recondo, do site Jota, Isadora Peron, do Valor Econômico, João Almeida Moreira, jornalista português correspondente do Diário de Notícias, Eloisa Machado de Almeida, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e doutora em Direito, e Ricardo Brito, repórter da Agência Reuters.

Por Edu Mota, de Brasília
Fonte: www.bahianoticias.com.br

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