SÃO PAULO (Reuters) – Geadas previstas para sábado ameaçam uma parte da safra de trigo do Paraná, um dos principais produtores do cereal no Brasil, cuja colheita está em seu início, afirmou nesta quinta-feira um especialista do Departamento de Economia Rural (Deral).
De acordo com previsão do sistema estatal Simepar, geadas moderadas são esperadas para a maior parte do Estado, em praticamente toda a faixa central, no sul, sudoeste e sudeste. Uma parcela menor do Paraná terá geadas fortes, enquanto o norte verá o fenômeno com fraca intensidade.
O agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho disse que a previsão para sábado preocupa “um pouco”, ao comentar um mapa climático do Simepar, que tingiu o Estado de cores vermelha (geada forte), amarela (moderada) e verde (fraca).
“Na região em vermelho, praticamente não tem lavouras suscetíveis (a perdas por geadas); na verde, a geada deve ser muito fraca para gerar danos. Mas na região em amarelo, a geada pode afetar as lavouras, parte delas está suscetível, parte não”, disse ele.
Até o início desta semana, 1% da área plantada no Paraná havia sido colhida; 38% das lavouras estavam em frutificação e 25% em floração, fases suscetíveis a perdas por geadas.
Segundo o Deral, 27% do trigo paranaense ainda estava em fase de desenvolvimento vegetativo, quando o frio intenso não gera problemas, assim como acontece na parcela em maturação (10%).
A safra de trigo do Paraná está estimada em cerca de 3 milhões de toneladas, de um total de quase 9 milhões de toneladas esperadas para todo o Brasil, segundo projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O Rio Grande do Sul, que terminou de plantar o trigo na última semana, deve colher pouco mais de 4 milhões de toneladas.
Godinho acrescentou que é preciso acompanhar as previsões climáticas para saber se as geadas vão se confirmar da forma que estão sendo previstas.
O trigo do Paraná já vinha sofrendo com o tempo seco e quente, com as produtividades das primeiras áreas agora colhidas sofrendo impactos, segundo o Deral.
TRIGO GAÚCHO
O trigo no Rio Grande do Sul também deverá registrar geadas, mas o Estado tem a maior parte das áreas ainda em fase inicial de desenvolvimento, quando as lavouras não estão suscetíveis a perdas.
Segundo dados da Emater-RS, 98% das áreas estão em germinação ou desenvolvimento vegetativo, enquanto 2% do total está em floração.
A Emater afirmou ainda que chuvas recentes foram “consideradas altamente benéficas para o cultivo de trigo” gaúcho.
“Em geral, mesmo em baixos volumes, a umidade no solo se normalizou, pois o período é de menor evapotranspiração”, destacou.
(Por Roberto Samora)
Fonte: noticiasagricolas