Gaza sob cerco: milhares fogem enquanto Israel ameaça invadir cidade superlotada, diz mídia


Segundo o Financial Times (FT), enquanto o verão sufocante de Gaza assola a região castigada pela guerra, Karim Hamdan, um comerciante de 52 anos, vive em condições extremas, dormindo ao relento e lutando diariamente por água. Deslocado nove vezes, ele afirma não ter mais forças nem recursos para fugir novamente, caso Israel avance com seus planos militares. A Cidade de Gaza, já superlotada por deslocados, enfrenta uma nova ameaça de invasão, com o ministro da Defesa israelense prometendo destruição caso o movimento palestino Hamas não aceite os termos de cessar-fogo.
Com quase 90% do território de Gaza sob zonas militarizadas ou ordens de evacuação, a população de 2,1 milhões está encurralada. Mawasi, no sul, se tornou o último refúgio possível, mas já está superlotado e sem infraestrutura adequada. Hamdan, como muitos outros, não sabe para onde ir e teme que qualquer espaço livre — uma rua, uma faixa de areia — seja sua única opção de abrigo.
Organizações humanitárias alertam que uma ofensiva israelense na Cidade de Gaza agravaria drasticamente a crise humanitária. A ONU declarou a situação de fome na região, e muitos palestinos estão física e emocionalmente exaustos, sem condições de se deslocar novamente. Chris McIntosh, da Oxfam, afirmou que o deslocamento em massa criaria uma sequência de desastres, com milhares lutando por recursos escassos em áreas já saturadas.
Nações Unidas: situação da fome na Faixa de Gaza é'tsunami humanitário' - Sputnik Brasil, 1920, 23.08.2025

Apesar das críticas internacionais, Israel iniciou operações preliminares nos distritos periféricos da Cidade de Gaza e planeja empurrar os moradores para o sul. A França e outros aliados condenaram a escalada, chamando-a de “desastre iminente“. Enquanto isso, o Hamas declarou ter aceitado uma proposta de cessar-fogo semelhante à já aprovada por Israel, mas o governo israelense insiste em um acordo que envolva a libertação de todos os reféns.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, autorizou os planos de captura da cidade e ordenou negociações para libertar os cerca de 50 reféns restantes. Entre 12 e 20 de agosto, mais de 16.000 pessoas foram forçadas a fugir devido aos bombardeios intensos. No entanto, muitos palestinos permanecem na cidade, acreditando que a evacuação forçada faz parte de um plano israelense para expulsá-los definitivamente.
Moradores relataram à mídia que áreas como Mawasi e Deir al-Balah estão superlotadas, e o custo de deslocamento é proibitivo — até US$ 400 (R$ 2.168) para transportar uma barraca. Mesmo com esse esforço, encontrar um espaço livre é quase impossível. Alguns ainda esperam que um acordo de paz seja alcançado antes que os ataques os atinjam diretamente.
Hanine Dahlan, professora e mãe de dois filhos que falou ao FT, inicialmente decidiu permanecer na cidade, apesar da fome e da falta de medicamentos. No entanto, diante da iminente invasão e do medo pela segurança dos filhos, ela mudou de ideia. “Claro que vou. Mesmo que não haja lugar nenhum“, disse, expressando o desespero compartilhado por milhares de palestinos diante de uma crise sem saída.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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