Eike Batista preso, Michel Temer presidente e o início do processo de saída da Inglaterra da União Europeia. O Brasil – e o mundo – eram assim quando a Microsoft lançou o último jogo da franquia Forza Motorsport, em 2017. Foram seis (longos) anos, mas agora o game chega à oitava edição. E melhor do que nunca. Autoesporte testou o Forza 8 para Xbox Series S e a experiência se mostrou agradável, desafiadora e viciante.
Para começar são mais de 500 carros disponíveis. É possível jogar com modelos do calibre de um Bugatti Type 35 de 1926 até o mais recente sendo o Chevrolet Corvette E-Ray, um dos veículos da capa deste ano, inclusive.
Em um primeiro momento também serão 20 pistas (algumas até famosas de F1, como Spa Francorchamps (Bélgica), Barcelona (Espanha), Silverstone (Inglaterra) e Suzuka (Japão). Há outros autódromos famosos, como Le Mans (França), Laguna Seca e Daytona (Estados Unidos) e Kyalami (África do Sul) – a produtora Turn 10 deve soltar atualizações com novos automóveis e circuitos ao longo do tempo.
Hora de correr. Confesso que algumas semanas antes de jogar o Forza 8, fiz uma corrida de endurance (6 horas) a bordo de um Ford GT, que ganhou as 24 Horas de Le Mans, em 2016, no Forza Motorsport 7. Sinto que a “escola” Forza foi muito preservada de um para o outro. Claro que o jogo novo tem uma grande evolução, mas a base está lá.
Forza 8 retorna às raízes da franquia onde os jogadores começam com carros mais lentos e, completando as etapas, avançam para veículos mais velozes. No antecessor havia uma divisão, mas não uma ordem, então era possível sair pilotando protótipos de corrida logo de cara, por exemplo.
Antes, no entanto, a introdução do jogo me coloca dentro do Corvette híbrido de 655 cv para algumas voltas em uma pista clássica (e fictícia) da franquia, Maple Valley. E logo vem o choque de realidade: não é tão fácil assim.
Tento me acostumar com a dinâmica, achar o limite aderência e o tanto de pressão no controle (sim, jogo no controle). Tudo isso sem me distrair com os possantes gráficos em alta definição. É possível ver vendedores de cachorro-quente no quiosque e até camisetas nos trailers de mercadorias antes de entrar nos boxes.
Dependendo do horário (são dez opções, desde o nascer do sol até a meia-noite) e das condições climáticas, as paisagens são de tirar de fôlego ou aquele Sol do meio-dia pode atrapalhar sua visão para fazer a curva perfeita (e não adianta colocar o óculos escuro).
Tudo vai por água abaixo quando, em seguida, o Forza me joga em um protótipo do Mundial de Endurance da categoria LMP2. O Cadillac V-Series.R amarelo é muito mais potente e com parâmetros de frenagem, retomada e velocidade de curva totalmente diferentes do agora “nada de mais” Corvette.
A curva de aprendizado entre os carros, no entanto, é rápida. Basta algumas voltas para entender o que está acontecendo. O Forza ainda oferece uma ajuda com o melhor traçado, pontos de frenagem e de reaceleração. E, claro, o famoso “Retroceder” quando você faz aquela barbeiragem que não tem jeito de salvar e devolver o carro de volta para a pista sem perder tempo ou posição.
Depois da introdução chega a hora do modo Carreira. Escolho meu carro inicial (gratuito), um Subaru STi 2019 – poderia ter optado pelo Ford Mustang ou o Honda Civic Type R, ambos 2018. O jogo está configurado para o máximo de simulação possível: desde a jogabilidade até o consumo de pneus e combustível.
Com carros mais, digamos, lentos é possível “pegar a manha” do game. Você vai descobrindo onde atacar (ou não) a zebra, curvas que dá para frear um pouquinho mais tarde e também negociar ultrapassagens. E aqui vai um ponto.
Se você está acostumado a ganhar tempo (ou escalando o grid) cortando curvas, excedendo os limites de pista e batendo nos adversários, cuidado. O Forza permite você escolher o nível de penalidades caso você exceda o chamado track limits ou de um toque no adversário. Os comissionários (ou a inteligência artificial) te “julga” na hora, acrescendo tempo caso você seja considerado culpado.
Em um primeiro momento você pode se assustar e usar o retroceder mais do que gostaria, mas depois você entende o que pode ou não fazer e o que realmente gera punição. É uma tentativa do jogo de fazer o jogador ter um corrida limpa e incentivar uma condução mais habilidosa para ajudá-lo a se tornar cada vez mais rápido.
Enquanto você corre, você ganhará XP de Carro para aprimorar e ajustar seu bólido selecionando entre mais de 800 melhorias de desempenho, incluindo sistemas de exaustão, motor, plataforma e dinâmica, pneus e rodas, e trem de força. Usar XP de Carro em vez de comprar as peças permite que você experimente diferentes configurações sem custos adicionais. E se você preferir correr a mexer no carro, pode optar pela “Atualização Rápida” e deixar o jogo cuidar da tunagem do seu carro com uma configuração equilibrada.
Jogar também te dá créditos para comprar carros novos. E aqui vai um ponto positivo: o Forza 8 não fazer você pedir falência. No jogo anterior, comprar um carro raro ou especial para correr era dificílimo. A balança de ganhos e custo do carro era totalmente desfavorável. Agora, com uma certa quantia plausível é possível comprar Ferrari, protótipos ou carros esportivos com mais facilidade e apreciar os bólidos na pista.
Dois pontos não me agradaram nos primeiros minutos de jogo. Um é a “demora” entre os tours do modo carreira. Há uma sessão de treino (de duas ou três voltas dependendo do circuito) antes de cada corrida. Cada tour abrange cinco copas, em um total de 25 corridas (e muitas voltas). Ou seja, o processo (no modo carreira) até você dirigir um carro diferente é bem lento.
O outro é a inteligência artificial. Grande parte das (muitas) horas jogadas foram no nível 7 de dificuldade (no total são 8). Apesar de estar sempre no mesmo level, a dificuldade varia de corrida para corrida.
Explico: se no circuito de Suzuka eu consigo atingir todos os objetivos do treino (inclusive o tempo de volta) e vencer com certa facilidade a corrida, na etapa seguinte eu fico a 3 segundos do tempo recorde que tenho que bater para ganhar mais pontos. E na corrida, mesmo escolhendo a posição mais perto do líder, é impossível conseguir chegar em primeiro.
Forza Motorsport 8 é um jogo para quem gosta mais de simulação do que propriamente jogos de corrida arcade, mas não é tão hardcore neste quesito como Project Cars ou até mesmo o Assetto Corsa. Dá para se divertir com alguns realismos, porém o jogo é para entreter do que propriamente formar pilotos de iRace. Acabei de comprar uma Ferrari FXX K Evo e o carro é animal. Agora eu vou lá voltar para jogar.
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Fonte: direitonews