SÃO PAULO, SP – Após enfraquecer durante a madrugada e ser rebaixado para uma tempestade tropical, o Ian, um dos maiores fenômenos climáticos dos EUA nos últimos anos, voltará a se intensificar e atingir a categoria de furacão nesta quinta (29), segundo o Centro Nacional de Furacões.
As regiões mais críticas estão concentradas nos estados da Flórida, Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte, de acordo com informações dos serviços meteorológicos americanos. Os danos da por ora tempestade tropical são avaliados como históricos, e especialistas alertam para inundações catastróficas com risco de vida.
Na Flórida, o governador Ron DeSantis informou que ao menos duas pessoas morreram, mas disse que ainda não se sabe se há relação direta com o evento climático.
“Nunca tínhamos visto inundações como esta”, disse o republicano durante entrevista coletiva. “É um evento que ocorre uma vez a cada 500 anos.”
Pouco depois, autoridades do condado de Volusia confirmaram a morte de um homem de 74 anos que teria saído durante a tempestade para tentar drenar a piscina de sua casa, de acordo com a BBC. Os ventos, segundo o centro de furacões, chegaram a cerca de 110 km/h.
“Estamos assistindo a uma tempestade que mudou o perfil de uma parte significativa do nosso Estado”, disse DeSantis. O governador prevê que a reconstrução local pode levar anos. Ao menos 28 helicópteros estão realizando resgates aéreos de pessoas em áreas inundadas, e hospitais foram esvaziados.
Áreas como Cape Coral e Fort Myres, cidades palcos de inundações, estão devastadas. Imagens captadas por jornalistas e internautas e compartilhadas nas redes sociais mostram a água invadindo ruas residenciais de Fort Myres acompanhada de fortes ventos.
Ao longo da manhã desta quinta, mais de 2,6 milhões de casas e estabelecimentos comerciais da Flórida estavam sem energia elétrica, de acordo com o site especializado PowerOutage.
Combinada aos fortes ventos, a chuva fez com que milhares de pessoas permanecessem em casa para se proteger. Na pequena cidade litorânea de Punta Gorda, alguns residentes contrariaram as recomendações para deixar o local por receio do que encontrariam na rua.
Joe Ketcham, 70, foi um deles. “O vento soprava de maneira constante sobre nossas cabeças; podíamos escutar o metal golpeando os prédios; estava escuro, e não sabíamos o que acontecia do lado de fora”, disse ele à agência de notícias AFP.
Lisamarie Pierro, também de Punta Gorda, relatou estar aliviada por ainda ter sua casa de pé. “Foi muito demorado e intenso”, ela disse. “De repente, parava; mas logo voltava tudo outra vez.”
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou a passagem do Ian na Flórida um desastre nacional, classificação que permite o envio de ajuda federal ao estado para ajudar nos esforços de recuperação.
Segundo a Casa Branca, a chefe da Agência Federal de Gestão de Emergências, Deanne Criswell, será enviada ao estado na sexta (30) para monitorar a situação -uma equipe da agência já está no local.
A intensidade do Ian também fez com que parques temáticos de Orlando, como os da Disney, fossem fechados por precaução. Também na cidade, a cena de um repórter do canal local Wesh resgatando uma mulher dentro de um carro em uma área alagada chamou a atenção.
Tony Atkins relatou aos canais locais ter visto uma mão sinalizando em pedido de ajuda para fora da janela do veículo, onde estava uma enfermeira que tentava chegar ao trabalho. “Olhei ao redor em busca de socorristas, mas não havia ninguém, e tudo estava muito escuro.”