Foi mais um ano de domínio absoluto dos ingleses e de suas equipes, muito bem estruturadas, na Fórmula 1 de 1963. Eles começaram a colher os frutos em 1962 e no ano seguinte consagraram-se definitivamente campeões com Jim Clark, que já tinha três anos de participação discreta na F1, ao volante de um Lotus.
As dez etapas que compuseram o campeonato mundial daquele ano (GP de Mônaco, GP da Bélgica, GP da Holanda, GP da França, GP da Inglaterra, GP da Alemanha, GP da Itália, GP dos EUA, o inédito GP do México e GP da África do Sul) formaram um calendário que durou entre o dia 26 de maio e 28 de dezembro. Ou seja, novamente perto do Ano-Novo.
Os pilotos da Inglaterra gabaritaram com vitória em todas as etapas e largaram sempre na pole position. Em uma única ocasião, o piloto norte-americano Dan Gurney, pilotando pela equipe inglesa Brahbam, conseguiu a melhor volta na África do Sul. Entre as equipes, apenas a Ferrari levou a melhor no GP da Alemanha, quebrando a hegemonia dos ingleses.
Quase invictos, os ingleses deram um banho nos rivais, até porque eram maioria dentre os inscritos. Lembrando que desde o novo regulamento, que, dentre outras mudanças, diminuiu a capacidade cúbica dos motores de 2,5 litros para até 1,5 litros, o número de equipes e pilotos caiu significativamente.
Os fornecedores de motores e tecnologias também estavam mais restritos: Clímax, BRM, Ferrari (não como construtora, mas sim fornecedora), Alfa Romeo, Maserati e mais algumas poucas moviam a maioria dos carros do grid, sempre equipados com motores de 1,5 litros aspirados, nas mais variadas configurações (quatro cilindros em linha, V6, V8, boxers, etc).
O grande campeão da vez foi Jim Clark, que tinha 27 anos. Clark tinha apenas três anos de F1, tendo iniciado sua carreira em 1960, e já demonstrava na Lotus desde então ser um piloto de sucesso, com apuradas técnicas de pilotagem.
Só não brilhou mais intensamente desde o início de sua carreira porque a Lotus, construída pelo mago Colin Chapman, ainda não tinha carros vitoriosos. Mas, assim que isso foi corrigido, Clark despontou como um dos melhores pilotos de automobilismo da história — e foi bicampeão em 1965.
Jim Clark disputou durante todo o campeonato brigando ferozmente com ninguém menos que o campeão da temporada anterior, Graham Hill. Para sagrar-se campeão, Jim precisou lutar muito durante as dez etapas do campeonato. Mas no final, a superioridade técnica da Lotus prevaleceu.
Ao invés do tradicional chassi tubular utilizado por todos os construtores da F1, o mago Chapman, para 1963, veio com uma construção até então inédita na categoria: utilizou uma espécie de caixa de alumínio, que funcionou como uma estrutura rígida que sofria pouca torção em curvas. Isso deu mais precisão ao trabalho das suspensões.
Mas a técnica construtiva do modelo 25, carro de Jim Clark, falava mais alto e esse monoposto, equipado com motor Clímax V8 em 90º com injeção de combustível, sagrou-se campeão mundial. Tudo isso para a alegria de Colin Chapman, líder da Lotus, um engenheiro aeronáutico que se especializou no desenvolvimento de carros de corrida. Tanto que um destaque do Lotus 25 era justamente no seu perfil aerodinâmico, chamando a atenção pelas linhas inéditas na F1, frente longa, baixa, como a ponta de uma flecha.
Outro fato do 25 era sua baixa, e deitada, posição de guiar, fato que lhe garantiu o apelido de “Banheira”, em alusão a posição dos pilotos durante a corrida (como se estivessem deitados em uma banheira). Além da rigidez torcional ímpar, esse Lotus ganhava pelo menor peso e área frontal reduzida, melhorando a aerodinâmica. Havia também uma concepção mais avançada de suspensões e melhor dinâmica de freios e direção, além da confiável transmissão ZF de cinco marchas.
Não perca, na próxima semana, a história da Fórmula 1 de 1964!
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Fonte: direitonews