Forças Armadas e Lula: ‘militares precisam se adaptar ao novo mundo’, diz oficial da reserva


Ações antidemocráticas tomaram os espaços. Depredações, pedidos de cancelamento das eleições. Tudo isso porque o candidato dessa parcela da população havia perdido o pleito presidencial de 2022.
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez com que manifestantes antidemocráticos objetivassem a recontagem e cancelamento dos votos que elegeram o ex-presidente para um terceiro mandato.
Devido a suspeitas de envolvimento de militares no apoio às ações antidemocráticas, a relação do novo governo com as Forças Armadas foi posta em xeque. Brasil afora, políticos se mobilizaram para propor ações para mitigar o acontecido. Ações no Supremo Tribunal Federal (STF), declarações governistas e de parlamentares lotaram os noticiários.
À época, bolsonaristas radicais, autodeclarados patriotas, invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília. Eles quebraram vidraças e móveis, depredaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.
A facilidade com que os atos violentos se desenvolveram levantou uma série de questões. Entre elas: afinal, houve ou não houve leniência militar? Como ficou a relação do novo governo com os militares? À Sputnik Brasil, analista e oficial da reserva opinou que a relação não estremeceu, e que a aparente politização dos últimos anos foi apenas uma ação de “liberdade de expressão”, mas que só foi intitulada assim até o momento em que as incitações contra a democracia começaram a escalar.

Relação governo x militares

À reportagem, Robinson Farinazzo, analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, garantiu que “o que impera [entre os militares] é a disciplina”.
“Uma relação inteiramente institucional […] de foro íntimo, um ou outro [militar] pode ter votado no candidato que perdeu [Jair Bolsonaro], mas as Forças como um todo seguem o rito da institucionalidade”, pontua o militar da reserva.
Questionado sobre a contribuição do ministro José Mucio (Defesa) para a missão de apaziguar a relação entre o governo e os militares, e qual foi o saldo positivo que ele deixou à frente do Ministério no ano passado, o militar crava que o chefe da pasta fez o possível.

“Ele fez o possível pra obter uma boa relação entre militares e governo, […] o que impera sempre é o rito institucional […] Os comandantes de força, eles vão determinar a matriz de trabalho e a tropa vai acabar seguindo […] Não tenho dúvida que o ministro [Mucio] foi uma pessoa muito importante nesse sentido, pelo caráter, pela história dele, pela maneira como ele lida com esses assuntos”, reforça à Sputnik.

Investimentos para relacionar

Só neste ano, com o novo PAC, o governo prevê recursos na casa dos R$ 53 bilhões para os militares. A promessa de investimentos feita tem sido eficaz para aproximar o governo das Forças Armadas, segundo reforça o analista da caserna. Ele destaca que governos petistas foram os que mais investiram nas Forças Armadas brasileiras.

“A promessa de investimento é um fator bastante positivo […] Seria interessante, lógico, se o governo pegasse mais aí pelo lado de estimular a defesa nacional, a compra de insumos militares no país e o fabrico desses materiais aqui”, indaga.

O reservista pontuou, ainda, que a caserna precisa de um ar novo.

“O mundo está mudando e a maneira como o estabelecimento militar, não só do Brasil, mas da América Latina inteira, encara os fatos, ela não é mais adequada ao mundo […] um mundo da multipolaridade. Os militares estão muito focados na unipolaridade e precisam se adaptar às novas circunstâncias“, crava Farinazzo.

O 8 de janeiro e os militares

Indagado sobre o episódio do 8 de janeiro e se ele continua a influenciar a dinâmica entre o governo e as Forças Armadas, conforme destacado no pronunciamento de Natal do presidente Lula (PT), Farinazzo afirma que por mais desairoso que seja, ele não representava o pensamento de toda a Força.

“Muitos militares não concordaram com o que aconteceu ali […] É necessário apurar a responsabilidade individual. […] Os militares que tiveram alguma ligação com isso, e que cada um seja responsável pelos seus atos“, sublinha.

Pelo bem da democracia, para Farinazzo, os militares devem ficar de fora de decisões antidemocráticas e episódios como o 8 de janeiro não devem se repetir.
“Isso aí [atos antidemocráticos] não vai ter continuidade. Acredito que esse tipo de coisa não vai se repetir. […] A tropa segue o encadeamento histórico do país, que é no sentido da democracia, da busca de melhores dias e do acatamento ao resultado eleitoral“, conclui.

Fonte: sputniknewsbrasil

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