Financiamento de carro deve continuar caro no Brasil mesmo com juros mais baixos


O governo publicou na última terça-feira (06) a Medida Provisória que reduz o preço de carros de até R$ 120 mil. O novo programa de incentivo à indústria será subsidiado pela reoneração do diesel, que foi antecipada para 2023 e servirá como crédito tributário aos fabricantes (confira os detalhes na íntegra).

Nenhuma medida para facilitar linhas de crédito e financiamentos no Brasil, no entanto, foi divulgada. Mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a comentar sobre a expectativa de uma queda na taxa de juros nos próximos meses. Atualmente, a Selic está posicionada em 13,75%.

A queda na taxa de juros pode facilitar novos financiamentos e reduzir o índice de inadimplência no Brasil. Mas segundo André Braz, mestre em Economia e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a redução nos próximos meses não deve ser significativa ao ponto de aumentar as vendas.

A taxa Selic é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias. Sua elevação serve para controlar a inflação, enquanto a redução tem o efeito de reaquecer a economia. A taxa de juros mais alta desfavorece financiamentos, mas limita a elevação dos preços gerais.

Mas, de acordo com o especialista da FGV, a redução da Selic não deve ser suficiente para a liberação de crédito.

“A taxa de juros não vai cair de 13,75% para 8,00% da noite para o dia. A tendência de queda é de algo em torno de 0,75% ou 1,00%”, projeta Braz.

A aprovação de novos financiamentos deve ser difícil, mesmo com os preços mais em conta dos novos “populares”. Alguns carros chegaram a ter descontos de R$ 10 mil após a publicação da MP na última quarta-feira (veja a lista completa)

“Mesmo com a queda nos preços dos automóveis, a taxa de juros ainda será muito alta para o financiamento de qualquer bem durável”, diz André Braz.

Autoesporte simulou o financiamento de um Hyundai HB20 Limited no Itaú, considerando as taxas atuais. Para pagar o hatch de R$ 88 mil, consideramos uma entrada de R$ 30 mil. Os outros R$ 58 mil serão financiados no banco em 60 parcelas pelos próximos cinco anos.

Na simulação, o Itaú propõe parcelas mensais de R$ 1.705, que resultam no montante de R$ 102.308 ao fim do financiamento. Portanto, somando entrada e financiamento, o valor final do HB20 sobe de R$ 88.100 para R$ 132.308 por conta dos juros (2,02% de taxa mensal).

Os juros incidem em um acréscimo de R$ 44.208 no valor final do HB20 na simulação – praticamente metade do valor do carro à vista. Enquanto os valores financiados inflarem tanto os valores de um carro, a expectativa de novos financiamentos diminui.

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Fonte: direitonews

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