Figura de ‘empresário truculento’ de Trump é ineficaz contra Putin, nota analista (VÍDEOS)


O presidente dos EUA, Donald Trump, não está sendo bem informado sobre o que realmente está acontecendo no confronto russo-ucraniano. É o que afirmou nesta quarta-feira (28) o assessor da presidência russa Yuri Ushakov, ao comentar as declarações do líder norte-americano sobre a situação na Ucrânia, com foco apenas nos ataques russos.

“Trump só sabe quais medidas retaliatórias estamos tomando. E ele não entende na totalidade que estamos atingindo exclusivamente a infraestrutura militar ou as instalações do complexo militar-industrial”, afirmou Ushakov.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o historiador e especialista em história da União Soviética Rodrigo Ianhez afirma que esse estilo retórico é também uma tática do presidente norte-americano.
“É parte da tentativa de barganha que o Trump está tentando realizar e parte da estratégia que ele utiliza em vários momentos, de se mostrar uma figura durona. […] Neste momento, ele está tentando colocar pressão sobre os russos, fazendo uma série de ameaças, mas nada muito diferente do que ele já não vem ameaçando nos últimos tempos.”
Para o historiador, a aposta de Trump, com sua tática de negociador empresarial truculento, se mostra ineficaz frente à Rússia de Vladimir Putin. Desde 2015 os Estados Unidos vêm aumentando a pressão e as sanções contra a Rússia, “sem conseguir nenhum resultado“.
“A não ser uma escalada cada vez mais perigosa, que pode se desenvolver para um conflito de proporções globais, inclusive nuclear.”

“E é neste momento que me parece que os atores têm sido muito irresponsáveis, ao ignorar o perigo imenso que nós estamos vivendo, sem dúvida o maior desde o fim da Guerra Fria, de uma escalada para uma guerra de proporções mundiais. Não me parece uma tática muito efetiva.”

Editora-chefe do canal RT e MIA Rossiya Segodnya Margarita Simonyan na sessão plenária A luta pela soberania digital no âmbito do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo em 3 de junho de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 28.05.2025

Ocidente tenta criar narrativa de ‘bem × mal’

O historiador avalia que essa ignorância premeditada por parte de Donald Trump, de outros líderes europeus e da grande mídia, de não reconhecer os ataques ucranianos, faz parte de uma grande guerra de narrativas empregada pelo Ocidente, na qual a primeira vítima é a verdade.
Desde o primeiro dia do conflito é observada uma manipulação muito grande da grande mídia, com a apresentação parcial dos fatos, explica Ianhez. “Não é nenhuma novidade em relação ao que nós vemos desde 2014.”
“O que a mídia fala sobre a Rússia, muitas vezes, não parece coincidir com a realidade que as pessoas que vivem na Rússia observam todos os dias.”
Tanto o lado russo é apresentado sob luzes que muito claramente expõem uma russofobia, um preconceito em relação à Rússia, diz o especialista, quanto se observa uma tentativa de reformar o entendimento do que é a Ucrânia, que “até 2022 não era vista como um país europeu”.
Segundo o especialista, nessa disputa de narrativas, para justificar a manutenção do conflito, “é preciso apresentá-lo como algo sem nenhuma nuance, como algo preto no branco, como uma invasão injustificada, sem nenhuma dessas raízes históricas”.
Por outro lado, a Rússia tem conseguido alcançar os países do Sul Global e “furar um pouco essa barreira de isolamento” a qual a maioria global foi submetida.
Dessa forma, hoje se desenha uma “nova Guerra Fria”, afirma o historiador. Nela, o bloco ocidental, liderado por EUA e UE, se apresenta como “o mundo livre, de democracias liberais” e tenta impor ao outro bloco, liderado por Rússia e China, a imagem de “países autocráticos”, da mesma forma que a União Soviética foi descrita pelo ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan como um “império do mal”.
“E o elemento ideológico na Guerra Fria é central. É central a tentativa de apresentar uma luta do bem e do mal. […] Então se está utilizando toda essa memória coletiva que a gente tem da Rússia como um império maligno e tentando requentar essa narrativa ideológica para tentar angariar o máximo de apoio.”
Felizmente a tática ocidental não tem sido bem-sucedida, já que essa dicotomia narrativa não tem mais o apelo que um dia teve, avalia Ianhez.

“E mesmo naquela época, a hipocrisia inerente a essa narrativa já era bastante visível através das práticas coloniais que o mundo ocidental impunha ao Terceiro Mundo.”

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Fonte: sputniknewsbrasil

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