A Fiat Toro já se tornou uma espécie de pilar em seu segmento. Não há como pensar em uma picape intermediária sem visualizá-la como a grande referência de mercado. Líder de vendas na categoria desde seu lançamento, quase dez anos atrás, a caminhonete passou por uma considerável renovação na linha 2026. O objetivo é sobreviver por mais alguns anos antes da tão esperada troca de geração, prevista 2028.
A boa notícia é que a Toro Freedom foi contemplada com boa parte das atualizações aplicadas às demais versões da picape. Clique aqui para ver tudo que mudou, ou então aqui para ler o teste completo. Por outro lado, ainda preserva alguns velhos vícios do modelo. Confira abaixo os principais motivos para comprar e aqueles para pensar bem antes de ter uma na garagem.
É verdade que, no lançamento para o Brasil, o motor 1.3 GSE turbo flex de quatro cilindros, 16 válvulas, injeção direta e sistema MultiAir III, conhecido como Turbo 270, apresentou falhas pontuais de baixa no nível do óleo. Contudo, a Stellantis contornou rapidamente as questões e hoje esse conjunto se apresenta como um dos mais robustos e confiáveis do mercado, assim como o conhecidíssimo câmbio de seis marchas da Aisin.
Desde o início deste ano, para atender às normas de emissões do Proconve L8, a Toro Turbo 270 perdeu potência e passou de 180 cv com gasolina e 185 cv com etanol para 176 cv com qualquer combustível, embora tenha mantido o pico de torque em 27,5 kgfm. Claro que há uma diferença sutil de desempenho, porém quase imperceptível, o que não compromete o uso diário.
Além disso, a Toro 2026 enfim passa a ter freios traseiros a disco e mantém a robusta suspensão independente nos dois eixos. Na versão Freedom, a tração é dianteira, mas há bloqueio eletrônico de diferencial para aumentar um pouco sua capacidade off-road.
Outro ponto positivo da Toro é a versatilidade. Em movimento, a sensação é a de estar conduzindo um SUV. Sei que esta frase deve soar manjada, pois quase todo jornalista descreve essa mesma característica sobre qualquer caminhonete, mas o caso da Toro é aquele em que tal afirmação mais se aproxima da materialidade dos fatos. Ao mesmo tempo, ela continua a ser uma picape, o que significa que tem uma caçamba de excelentes 937 litros à disposição, bem maior do que qualquer porta-malas.
A suspensão robusta, digna de SUV médio, a posição elevada de dirigir, a carroceria monobloco com boa rigidez, os bons bancos dianteiros e a cabine similar à de um SUV conferem à Toro um nível único de conforto no segmento. Novamente, é a picape que talvez mais se assemelhe a um carro de passeio à venda no Brasil.
Apesar de ser uma versão intermediária, a Toro Freedom já vem equipada com itens como quadro de instrumentos digital, ar-condicionado automático digital de duas zonas, o novíssimo freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold, aletas para trocas de marcha atrás do volante e tomadas do tipo USB-A e USB-C).
Parece bobeira, mas está cada vez mais comum a capota marítima se tornar um opcional ou acessório. Veja o caso da Ford Maverick ou mesmo de várias picapes médias de nosso mercado. Na Toro Freedom, o item já vem de série.
Sabemos que as caminhonetes tendem a ter um acabamento mais rústico que o dos automóveis. Entretanto, a verdade é que nove anos se passaram desde o lançamento da Toro, em 2016, e, desde então, a Fiat fez pouquíssimas mudanças que realmente diminuíssem a simplicidade dos revestimentos de plástico rígido.
Mesmo custando R$ 165 mil, a Toro Freedom traz uma central multimídia de 8,4 polegadas de penúltima geração, com resolução de tela e sensibilidade ao toque já superados. A câmera de ré, embutida no sistema, é um exemplo dessa limitação: tanto a qualidade quanto a abrangência da imagem passam longe de empolgar.
Apesar dos 4,95 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,68 m de altura e 2,99 m de entre-eixos, a Fiat Toro 2026 continua a ter uma cabine relativamente apertada na fileira traseira. O vão para pernas é limitado e a posição muito elevada do assento compromete o espaço para a cabeça de pessoas mais altas. Além disso, o encosto lombar é pouco angulado e compromete a ergonomia.
Outro ponto importante diz respeito à caçamba. Sim, ela é grande, mas ainda é uma caçamba e não um porta-malas. Mesmo com capota marítima, sua vedação contra intempéries fica limitada. Ou seja, melhor proteger muito bem qualquer bagagem caso vá trafegar sob chuva.
Outra característica incômoda da Toro e de qualquer modelo Stellantis com plataforma Small Wide é a capacidade de manobras. O diâmetro de giro é de longos 12,3 metros, praticamente a mesma medida de uma picape média. E o que dizer dos incômodos rebotes que o volante insiste em transmitir em vias mais esburacadas?
Ok, a Fiat Toro Freedom 2026 tem novos e bem-vindos equipamentos de série, mas continua devendo em alguns elementos relativamente simples de conforto: saída de ar traseira, chave presencial, partida do motor por botão, apoio de braço central no banco de trás e alerta de ponto cego. E olha que nem estamos levando em conta a ausência de pacote Adas para segurança ativa.
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Fonte: direitonews






