Fiat Marea de R$ 6 mil rodou da Espanha até o Japão; conheça a história


Poucos carros no Brasil carregam uma reputação tão controversa quanto o Fiat Marea. Lançado em 1998, o sedã italiano chegou em nosso mercado baseado no modelo europeu e se destacava dos demais: era o primeiro no país a ter motor de cinco cilindros, airbags laterais e comandos de som no volante. Mesmo assim, não tardou para que a má fama tomasse grandes proporções, especialmente devido à complexa manutenção do motor, que exigia cuidados avançados para o Brasil daquela época.

Dessa forma, a fama de um “carro bomba”, que não foi adaptado ao clima tropical, ficou tão impregnada na cultura automotiva brasileira que, até hoje, o modelo é motivo de memes — ou arrepios para aqueles que já passaram sufoco com o sedã médio.

Por esse e outros motivos, o Fiat Marea jamais seria o modelo escolhido para uma simples viagem — e, apesar de a maioria dos brasileiros concordar com esse pensamento, Fabio Belnome é exceção à “regra”. O influencer escolheu o sedã como companheiro por 90 dias, para percorrer 36 países por 25 mil quilômetros, da Espanha ao Japão:

“Mais que a distância entre Alasca e Argentina”, reforça o espanhol.

Para entender sobre a escolha inusitada do modelo, como mantém o carro e sobrevive na estrada, Autoesporte entrevistou o criador de conteúdo, que hoje acumula mais de um milhão de seguidores em suas redes sociais (@volatadipeluca).

Não é a primeira grande expedição que Fabio Belnome realiza. Em 2022, percorreu o norte da Índia de moto. Mais tarde, em 2024, o espanhol decidiu comprar um carro por menos de mil euros e cruzar toda a Europa.

Mas, dessa vez, Belnome resolveu arriscar mais. Pouco antes de começar a jornada, decidiu sair de seu emprego e se dedicar totalmente à criação de conteúdo sobre a viagem:

O espanhol já passou por países como Espanha, França, Itália, Alemanha, Polônia, Ucrânia, Rússia, Irã e Coreia do Sul e Japão que, como já dito previamente, trata-se do último destino.

O Fiat Marea não tem má fama apenas no Brasil. Belnome confessa que, da Europa até a Ásia, mecânicos de todos os países por onde passou não tinham uma opinião tão boa sobre o modelo.

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Apesar disso, o motivo que fez o espanhol escolher o Fiat Marea foi muito além de uma preferência:

O influenciador ainda completa que, desde 1998, o modelo teve apenas um dono e é equipado com o motor 1.9 a diesel que, segundo ele, é um dos mais confiáveis já fabricados. ]

Vale mencionar que em termos técnicos, o Marea teve essa motorização em duas variantes de potência: 105 cv e 20,4 kgfm ou 110 cv e 28 kgfm. Uma curiosidade é que a versão brasileira chegou a ser produzida com esses motores, mas apenas para exportação.

Apesar da impopularidade do veículo, o espanhol revela que não fez muitas modificações no carro, pois “manter o modelo o mais próximo possível do original tornou o desafio mais interessante”, fez questão de salientar.

Para isso, fez pequenas trocas e reparos em peças antes danificadas (como o termostato), substituiu os pneus e fez uma revisão completa. Segundo o espanhol, a mudança mais significativa foi a remoção quase completa de todos os bancos, exceto o do motorista, pois dessa forma poderia dormir dentro do veículo com algum conforto.

“Várias peças foram substituídas, mas apenas as que precisariam ser trocadas em qualquer carro normal. Não levantei a suspensão, nem instalei uma placa de proteção ou qualquer coisa específica para off-road”, ressalta.

Ao longo de mais de 70 dias, Belnome confessa que trocou o óleo somente duas vezes — uma durante a revisão regular e outra quando o cárter rachou na Rússia. Isso porque em certos países, como o Irã, o combustível a diesel não é comum. Em outros, a manutenção de um veículo como o Fiat Marea não é simples:

O criador de conteúdo também comenta sobre a dificuldade que enfrentou em alguns países em relação ao tipo de combustível em que o Marea é abastecido, o diesel:

“Em países como o Irã, a qualidade do diesel é péssima. É mais comum em caminhões, e praticamente todos os carros são a gasolina. As pessoas ficaram chocadas quando eu disse que meu carro era a diesel”, revela.

Mesmo que a sorte esteja em seu favor, é difícil que em uma expedição de três meses não aconteçam imprevistos.

Fabio conta que um dia antes de sair da Rússia, o cárter de óleo rachou quando bateu o carro em um buraco. Para sua infelicidade, por ser feriado nacional, nenhum comércio ou mecânico estavam abertos.

Apesar do acidente, o influenciador conta que, na manhã seguinte ao ocorrido, dois mecânicos conseguiram soldar o cárter e, então, o carro já funcionava normalmente. Dessa forma, Belnome conseguiu chegar ao porto russo a tempo do despacho.

Apesar do ocorrido, o espanhol diz que, mesmo com a tragédia, foi um dos momentos mais lindos da viagem:

Nas redes sociais, Belnome documenta sua rotina nas viagens por meio de fotos, vídeos e stories. No Instagram, 1,2 milhão de pessoas acompanham a jornada, e comentam estar sempre ansiosos pelos próximos episódios. Além disso, o espanhol também conta com números expressivos em outras plataformas.

Apesar de conduzir um veículo (polêmico) em um trajeto desafiador, o influenciador conta que a maior lembrança será das pessoas e das diversas culturas com que manteve contato.

Por fim, um fato inusitado: o motivo pelo qual o Fiat Marea ter custado tão barato — em conversão direta, o equivalente a menos de R$ 6 mil reais — é devido ao fato de ser um modelo a diesel fabricado antes de 2005. Assim, por questões ambientais, é proibido de trafegar em Barcelona. Por esse motivo, Belnome admite que não sabe como será o caminho de volta para casa:

Para nós, o que resta é apenas aguardar as cenas dos próximos capítulos — que, até então, são uma incógnita. E, claro, desejar sorte ao intrépido viajante.

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Fonte: direitonews

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