Passar uma semana em um iate privativo passeando pelas ilhas Cíclades no norte da Grécia, no mar Egeu. O sonho de muitas pessoas é o negócio do carioca João Kossmann. Ele é um dos fundadores da BYS International, uma empresa da zona sul do Rio de Janeiro que faz gestão e locação de iates de luxo pelo mundo.
Ele administra 22 iates de luxo. Um deles chega a custar 1,5 bilhão de reais. São veículos de outras pessoas que contratam o serviço da BYS para fazer toda a gestão do equipamento. E são vários detalhes: logística, rota, pagamento de tripulação, manutenção, etc. Em alguns casos, também a locação.
“Quem compra quer ter a certeza que o custo está sendo bem administrado para poder aproveitar a parte do lazer”, diz Kossmann. “A gente cuida das coisas para que ele consiga aproveitar”.
O forte da empresa ainda segue sendo a locação e administração dos iates aqui no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em Angra dos Reis. Mas tem crescido esse serviço no exterior, principalmente na Europa.
Só neste ano, já foram 10 milhões de reais em receita de locações de iates, um crescimento de 40% em relação ao ano anterior. Também aumentou em 16% o número de embarcações alugadas.
“No ano passado já havíamos superado marcas históricas, em um movimento que estava atrelado ao fim da pandemia, que trouxe o desejo das pessoas por experiência exclusivas, seguras e em meio à natureza”, afirma Kossmann. “Agora, acreditamos que esse comportamento está consolidado e deve seguir nos próximos anos”.
Historicamente, o destino em que a BYS mais alugava iates era Córsega e Sardenha. Neste ano, a Grécia puxou a liderança.
“Neste ano, a Grécia representou pouco mais de um quarto de todos contratos de locações que tivemos”, afirma Kossmann. “No mês de julho, só tivemos quatro dias em que não houve embarque acontecendo. Os clientes estavam até se encontrando na cidade”.
A projeção da BYS é fechar 2023 com um faturamento nesta área de locação de 12 milhões de reais. O restante do montante virá, principalmente, do aluguel de iates no final do ano no Caribe.
Como funciona a locação de iates
Para locar um iate, o interessado precisa entrar em contato com a BYS ou fazer parte de um canal de divulgação interna, onde já há uma base com 5 mil clientes ligados ao setor náutico.
De acordo com Kossmann, é um setor bem organizado, com regras que protegem o cliente, caso haja algum problema com o iate, e que também protegem o dono do barco em caso de falta de pagamento.
A equipe da BYS faz fotografias e filmagens para a divulgação, negocia os contratos, faz as compras, organiza tripulantes, contrata os capitães e faz todo o processo de locação.
Quanto custa alugar um iate
As locações acontecem por contratos semanais. O preço varia conforme o tamanho do iate, os serviços inclusos e a rota.
A média do mercado é cerca de 25.000 euros por semana para uma embarcação de 10 pessoas. Os mais caros chegam a 4,5 milhões de euro por semana, em barcos que conseguem levar quase 30 pessoas.
“A média fica na casa de 120.000 a 150.000 euros por semana, cerca de 800 mil reais”, diz o executivo.
Quem são os principais clientes da BYS
Hoje, cerca de 80% dos clientes da BYS são brasileiros. Aliás, Kossmann comenta que tradicionalmente, os brasileiros ficam entre as cinco nacionalidades que mais movimentam o setor.
A grande maioria são empresários que tiram uma semana, geralmente com sócios, parceiros de trabalho ou familiares. Também há artistas que buscam privacidade ou que querem descansar. E, às vezes, há ainda grupos de amigos que dividem a viagem juntos.
A BYS fatura de duas maneiras diferentes. Na parte de locação, é por comissão em cima do valor do contrato. Já na parte de administração, é cobrado um valor fixo mensal.
Qual a história da BYS
A BYS nasceu em 2012 de um movimento curioso: Kossmann trabalhava no mercado de capitais quando conheceu seu sócio inglês que já trabalhava com iates há algumas décadas. Eles discutiam sobre como o setor de iates se comportava no Brasil – na visão deles, de maneira pouco desenvolvida – e viram uma oportunidade de negócio.
“Ofereci a ele ajuda para formar empresa, capitalizar o negócio”, afirma Kossmann. “E o negócio tomou tração e tamanho, e me deu a oportunidade de transformar esse hobby em carreira”.
Segundo o executivo, o fato de ter trabalhado no mercado financeiro deu respaldo para que hoje os donos dos iates confiem na empresa para gerir esse bem – que costuma ter um valor bem elevado.
A BYS atua principalmente em duas linhas: de administração e de locação desses iates. Na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, por exemplo, ela foi responsável por administrar e gerir a rota de várias embarcações que chegaram ao país para assistir aos eventos esportivos.
Assim, Kossmann vai trabalhando e realizando um sonho de criança:
“Fui criado próximo a barcos, mas como minha família nunca teve um, só aumentou a vontade de trabalhar com isso”, diz. “É como se a gente tivesse 22 barcos, que cuidamos como se fosse nosso. É o perfil da empresa. Se não, a gente não teria conseguido”.
Fonte: exame