A FAW carrega o pioneirismo no nome. A sigla, que na tradução livre para português significa “primeiros trabalhos automotivos”, antecipa que estamos falando da montadora que inaugurou a produção de veículos da China, em 1953. Agora, em um processo de expansão global, o grupo está a caminho do Brasil.
Autoesporte apurou, em conjunto com o Automotive Business, que a FAW estuda lançar duas de suas marcas no Brasil nos próximos anos. Uma delas é a Bestune, já especulada para nosso mercado mais de uma vez. A outra é a Hongqi, a empresa responsável por fazer os veículos oficiais dos presidentes chineses há mais de 60 anos, entre eles o atual mandatário, Xi Jinping.
A diferença, claro, é que, em vez de limusines, chegariam SUVs híbridos. Um porta-voz da empresa ouvido pela reportagem afirmou que “há intenção de iniciar as operações quando a tecnologia flex estiver pronta”. Ou seja, com motorização mais adaptada aos gostos e necessidades dos brasileiros, no caso pronta para receber tanto etanol quanto gasolina.
Além da informação fornecida pelo porta-voz, os colegas da Mobiauto avistaram funcionários da FAW no estande da brasileira Comexport no Salão. A empresa é a responsável pela logística e desembaraço na importação de veículos. Além disso, também comprou a fábrica que era da Ford/Troller em Horizonte (CE). A visita ao espaço pode não representar nada. Mas também pode ser um sinal de que conversas iniciais podem ter existido para viabilizar as operações no Brasil.
Embora tímida globalmente, a FAW é uma gigante na China. Além das marcas próprias, Bestune, Hongqi e Jiefang (de caminhões), é a parceira mais longeva na produção chinesa de montadoras estrangeiras como Volkswagen, Audi e Toyota.
Em 2024, suas marcas próprias venderam mais de 800 mil unidades China. O número pode parecer pequeno, diante de outras empresas, mas é preciso lembrar que a Hongqi é uma divisão de luxo. Como comparação, a Volvo conseguiu, em todo o mundo, volume similar.
Recentemente, a FAW anunciou uma estratégia de expansão global. No ano passado, a Hongqi esteve no Festival de Goodwood (Reino Unido) e no Salão de Bruxelas (Bélgica). Também estão previstas incursões em mercados europeus e de outros continentes.
No Salão de Xangai 2025, a Hongqi apresentou um SUV aventureiro com estilo inspirado no Defender que pode acelerar de 0 a 100 km/h em cerca de 4 segundos. Uma curiosidade é que o nome será definido pelo público (mais ou menos como a Fiat fez para escolher o nome do Pulse).
Além dele, a linha é composta de uma série de sedãs e SUVs com motores a combustão ou híbridos. No topo da gama, está a divisão Golden Sunflower, voltada para a criação de limusines de alto luxo com preços que chegam a 1 milhão de dólares (quase R$ 6 milhões).
Para o Brasil, a estratégia pode ser outra, com a marca Bestune e seus SUVs mais acessíveis. No estande em Xangai, pudemos ver modelos como o SUV médio 03 e o SUV grande 07.
O 03 é elétrico e tem o mesmo porte de um BYD Yuan Plus. São 4,45 metros de comprimento, 2,75 m de entre-eixos, 1,86 m de largura e 1,64 m de altura. Com motor elétrico de 166 cv e baterias de até 61,5 kWh, tem alcance (no padrão chinês CLTC) de 545 km.
O Bestune 07, por sua vez, é maior e híbrido. Tem porte similar ao de um BYD Song Plus ou GWM Haval H6, com 4,71 m de comprimento e entre-eixos perto de 2,80. Combinando um motor 1.5 a outro elétrico (dados de potência não foram revelados), promete autonomia perto de 2.000 km.
Por enquanto, não há qualquer indício de quais modelos serão vendidos no Brasil, caso a decisão de vir seja concretizada.
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Fonte: direitonews