Falhas na Starliner da Boeing expõem erosão da base industrial espacial dos EUA, dizem especialistas


A espaçonave Starliner, construída pela empresa norte-americana Boeing sob contrato com a NASA, partiu em seu primeiro voo tripulado com os astronautas da NASA Barry Wilmore e Sunita Williams em 5 de junho de 2024.
A missão de teste foi planejada para durar cerca de uma semana, mas problemas descobertos durante o acoplamento com a estação no motor da espaçonave e um subsequente vazamento de hélio atrasaram o teste.
Os especialistas não conseguiram eliminar os problemas identificados e a Starliner retornou à Terra sem tripulação.
Os astronautas da NASA, Wilmore e Williams, vão permanecer na EEI até fevereiro e vão voltar para casa na espaçonave Crew Dragon da SpaceX, uma concorrente da Boeing.
“Até que haja um equilíbrio mundial multipolar estável e os EUA parem com suas tentativas de alcançar a hegemonia mundial com o apoio de armas nucleares, abandonem seu papel autoproclamado e mal executado de polícia do mundo e coloquem suas próprias finanças em ordem, a EEI vai ser uma bagatela que distrai do principal”, disse à Sputnik a ex-analista do Pentágono e tenente-coronel aposentada da Força Aérea dos EUA Karen Kwiatkowski.
Imagens da nave Starliner da Boeing na Estação Espacial Internacional - Sputnik Brasil, 1920, 24.08.2024

Bruce Gagnon, cofundador da Global Network Against Weapons and Nuclear Power in Space (Rede Global Contra Armas e Energia Nuclear no Espaço), disse que a EEI está chegando ao fim de suas quase três décadas de existência, pois o orçamento da NASA está diminuindo, os gastos militares dos EUA estão aumentando e a dívida nacional ultrapassa US$ 35 trilhões (R$ 198,23 trilhões).
Em vista disso, os EUA não vão conseguir manter o financiamento para atender às necessidades espaciais e tecnológicas, argumentou Gagnon.
A nave da tripulação CST-100 Starliner da Boeing se aproxima da Estação Espacial Internacional (EEI) na missão Orbital Flight Test-2 da empresa antes de atracar automaticamente na porta dianteira do módulo Harmony - Sputnik Brasil, 1920, 06.09.2024

Além disso, os problemas da Boeing vão se agravar, segundo ele, por causa da inabilidade do sistema de educação dos EUA em formar especialistas de alta qualidade.

“Todo o cenário do domínio econômico dos EUA vai entrar em colapso e a capacidade de dar continuidade a esses programas caros em missões militares ou espaciais para a Lua, Marte e além vai ser afetada”, disse.

Franklin C. “Chuck” Spinney, analista aposentado do Pentágono, disse em comentários à Sputnik que os EUA vão ter que contar com a cooperação da Rússia para continuar mantendo a EEI.
Ilustração artística de dois buracos negros - Sputnik Brasil, 1920, 11.09.2024

O historiador e vice-presidente da Rising Tide Foundation, Matthew Ehret, alertou que o fato da incapacidade da Boeing de consertar as falhas tecnológicas pode ter consequências fatais.
De acordo com ele, a crise é um exemplo de como a transição dos voos espaciais para um paradigma comercial levou a um aumento dos riscos.

“Seja a Virgin Galactic de sir Richard Branson, a Blue Origins de Jeff Bezos, a SpaceX de Elon Musk ou a divisão espacial privada da Boeing, todas estão cortando orçamentos, maximizando os lucros para os acionistas, tornando o voo espacial uma atividade perigosa disponível principalmente para os super-ricos, em vez de beneficiar o bem-estar geral”, concluiu Ehret.

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Fonte: sputniknewsbrasil

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