E diante da escalada da violência, o presidente declarou o reconhecimento de um conflito armado interno e ordenou que o Exército realize operações para neutralizar os grupos. Em todo o país, há registros de invasão de universidades, comércios e até uma emissora de televisão por criminosos.
“O presidente Daniel Noboa Azín assinou decreto executivo que declara Conflito Armado Interno e identificou os seguintes grupos do crime transnacional como organizações terroristas e atores beligerantes não estatais: Águilas, ÁguilasKiller, Ak47, Caballeros Oscuros, ChoneKiller, Choneros, Covicheros, Cuartel de las Feas, Cubanos, Fatales, Gangster, Kater Piler, Lagartos, Latin Kings, Lobos, Los p.27, Los Tiburones, Mafia 18, Mafia Trébol, Patrones, R7, Tiguerones”, aponta um comunicado do governo.
Com o objetivo de retomar o controle de áreas tomadas pelas facções, o presidente equatoriano decretou emergência por 60 dias a partir da última segunda-feira (8). Já as facções declararam que qualquer pessoa que estiver nas ruas após 23h00 será “executada”.
Eleito em outubro do ano passado, Daniel Noboa, de 36 anos, prometeu acabar com os cartéis do país ligados ao tráfico de drogas e ao crime organizado após um dos principais líderes fugir da prisão: José Adolfo Macías, conhecido como “Fito”.
Em resposta, as facções sequestraram pelo menos sete policiais e ainda foram responsáveis por diversas explosões na cidade costeira de Machala, além da capital, Quito, e da província de Los Ríos.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra três policiais sequestrados com uma arma apontada para a cabeça, quando um é obrigado a ler uma declaração direcionada ao presidente: “Você declarou guerra, receberá guerra”, lê o policial, claramente aterrorizado. “Você decretou estado de emergência. Nós declaramos que policiais, civis e soldados são os despojos de guerra.”
Uma emissora de televisão chegou a ser invadida por homens armados e encapuzados durante a transmissão, em Guayaquil. Também há registros de grupos armados dentro de universidades da cidade, quando tentaram assaltar estudantes.
Estações de metrô e presidência sob guarda militar
Todas as estações de metrô em Quito, além do palácio presidencial, estão sob guarda militar por conta da possibilidade de ataques. Ainda foram lançados explosivos contra delegacias, e veículos foram incendiados. Até o momento, não há registros de mortos ou feridos.
As forças de segurança do país realizam uma caçada para encontrar Fito, que cumpria sentença de 34 anos de prisão por crime organizado, tráfico de drogas e assassinato quando fugiu. Ainda há outro líder, de 44 anos, de uma das maiores gangues do país, que fugiu de uma prisão, em Guayaquil.
Autoridades disseram que outro chefe do narcotráfico, Fabricio Colón Pico, também fugiu de uma unidade prisional, após ser detido por suposta participação em um plano para assassinar o procurador-geral do Equador.
Tumultos afetam sistema prisional
Tumultos ainda foram registrados em penitenciárias de 6 das 24 províncias do país após a fuga de Fito, que é um dos criminosos mais poderosos do Equador. A crise acontece após pouco mais de três meses de Noboa assumir a presidência, em novembro do ano passado.
Segundo ele, os levantes das facções são uma vingança contra suas ações para “recuperar o controle” das prisões do país. “Não negociaremos com terroristas nem descansaremos até devolver a paz a todos os equatorianos”, disse na segunda.
Antes considerado um refúgio pacífico em meio aos dois maiores exportadores mundiais de cocaína, a Colômbia e o Peru, o Equador viu os índices de violência explodirem nos últimos anos, com gangues inimigas ligadas aos cartéis mexicano e colombiano. As disputas por controle pioraram a situação.
Taxa de homicídios quadruplicou
Entre 2018 e 2022, a taxa de homicídios quadruplicou no país, quando mais de 7,8 mil homicídios foram registrados e 220 toneladas de drogas foram apreendidas, um recorde no Equador, que tem 17 milhões de habitantes. Desde fevereiro de 2021, confrontos entre detentos deixaram mais de 460 mortos, diante da falta de controle do governo sobre as próprias unidades prisionais.
Fonte: sputniknewsbrasil