A forte chuva que forçou o adiamento da classificação para o GP de São Paulo de Fórmula 1 trouxe questionamentos inéditos sobre a formação do grid de largada, caso a sessão não ocorra neste domingo. Sem uma previsão definitiva para o clima, a possibilidade de cancelamento da classificação levanta dúvidas sobre como a ordem de largada seria determinada para a corrida.
Curiosamente, o regulamento da temporada 2024 não prevê uma solução específica para a formação do grid em caso de cancelamento completo da classificação. Essa ausência de clareza gerou grande interesse na F1, principalmente porque uma mudança nas regras já está programada para 2025. A nova versão das regras estabelece que, em “circunstâncias excepcionais” de cancelamento da classificação, a ordem do grid será baseada na classificação do campeonato dos pilotos, desde que os comissários aceitem que a sessão não pode ocorrer.
Entretanto, como essa alteração não foi adotada a tempo para a temporada atual, a Fórmula 1 terá que lidar com um cenário incerto. A regulamentação atual oferece duas opções para formar o grid sem uma sessão de classificação, embora ambas não sejam totalmente claras sobre como proceder no caso específico de uma sessão de qualificação completamente cancelada.
Cenários possíveis para a definição do grid
O primeiro ponto do regulamento relevante para essa situação é o Artigo 39.4b, que lida com pilotos “não classificados”, aplicável a qualquer piloto que “não estabeleceu um tempo no Q1 ou SQ1 ou teve todas as suas voltas deletadas”. Esse artigo sugere que a ordem de largada seria determinada pelo tempo do TL3 ou, em um final de semana de Sprint, pelo tempo no TL1. Com essa interpretação, o grid seria formado com base nos resultados do TL1, o que colocaria Lando Norris na pole position, uma vez que ele foi o mais rápido no primeiro treino livre. Neste cenário, Max Verstappen largaria em 15º, com mais cinco posições de punição devido à troca do motor.
Por outro lado, uma visão alternativa considera que, uma vez que a sessão de Qualificação Sprint ocorreu, qualquer piloto que tenha marcado um tempo estaria “classificado” para a ordem de largada do grid. Neste caso, o Artigo 42.3 seria acionado, e o grid seria estabelecido de acordo com as posições de cada piloto na Qualificação Sprint. Isso colocaria Oscar Piastri na pole, seguido de Norris, com Verstappen largando da quarta posição.
A autoridade dos comissários e o Código Esportivo Internacional
Mesmo com as interpretações dos regulamentos específicos da Fórmula 1, existe uma autoridade superior que pode ser aplicada: o Código Esportivo Internacional (ISC) da FIA. Este documento dá aos comissários o poder de ajustar os regulamentos suplementares, caso as regras da F1 sejam omissas. Um precedente desse uso do ISC aconteceu no GP do Japão de 2019, quando os comissários emitiram uma nota esclarecendo que, caso a classificação não fosse possível, eles decidiriam como formar o grid, usando o poder de decisão concedido pelo Artigo 11.9.3b do ISC.
Assim, se a chuva impedir a realização da classificação na manhã de domingo, os comissários poderão se valer desse artigo para determinar a formação do grid do GP de São Paulo.
O F1MANIA.NET acompanha o GP de São Paulo ‘in loco’ com os jornalistas Gabriel Gavinelli, Kadu Gouvêa e Nathalia De Vivo.
Fonte: f1mania