F1 de 1970 teve campeão depois de morto e a estreia de Fittipaldi


1970 foi um ano muito marcante para a Fórmula 1. A vigésima edição do campeonato, iniciado em 1950, era a primeira e única em que a categoria teve um piloto consagrado campeão depois de morto. Jochen Rindt, alemão de nascimento, mas que adotou a Áustria para representar na F1, vinha mostrando-se um tremendo profissional na Lotus, acima da média, e Colin Chapman, com sua experiência na categoria, farejou o talento de Rindt, bem como analisou seu sucesso em 1969.

Para aquele ano de 70, Chapman decidiu colocar Rindt como primeiro piloto da Lotus, deixando o segundo lugar para um jovem novato brasileiro, que havia mostrado resultados excelentes nas categorias de base do automobilismo europeu dos anos anteriores, principalmente nos campeonatos ingleses. O jovem era ninguém menos que Emerson Fittipaldi, que, na Europa e EUA, construiu uma carreira pra lá de vitoriosa.

Infelizmente, Rindt não teve a mesma sorte. Mesmo talentoso como piloto, ele, depois de vencer cinco das nove primeiras etapas do campeonato de 1970, envolveu-se num gravíssimo acidente no circuito de Monza, durante o GP da Itália, ainda nos treinos classificatórios. Assim, o alemão perdeu a vida mesmo já tendo somado uma grande pontuação no campeonato daquele ano (45 pontos totais). Lembrando que aquele era um calendário de provas bastante grande, com 13 etapas em pouco mais de sete meses. O maior até então.

No GP italiano, com a morte de Jochen nos treinos, a Lotus retirou-se da prova, juntamente com o novato Fittipaldi, parceiro e amigo do falecido. O GP seguinte, do Canadá, também não teve presença da Lotus, ainda em luto. Restava a Emerson a incumbência de tirar pontos e roubar a vitória do belga Jacky Ickx, piloto da Ferrari que ainda tinha chance de vencer aquele campeonato, desbancando o finado parceiro Rindt.

Fittipaldi não amarelou, e nos EUA, quando a Lotus retornou, mostrou seu enorme potencial na F1, vencendo a prova e retirando as chances de campeonato do rival Ickx. Assim, pela primeira vez, tivemos um piloto vencedor já falecido, que não podia comemorar sua conquista.

O mago Chapman comemorou muito o feito e a primeira vitória na categoria de Fittipaldi, que, a partir daí, passou a ser o primeiro piloto da Lotus, assumindo o lugar do falecido. Emerson, como novato, corria até então com o segundo carro da equipe, um antigo 49C, enquanto Jochen, o principal, tinha a benesse de guiar o 72, um carro inovador em todos os aspectos técnicos.

O carro tinha como principais qualidades uma aerodinâmica apurada, além de evoluções técnicas que melhoravam muito o seu desenvolvimento nas pistas: freios internos, para reduzir as massas não suspensas das suspensões; molas e amortecedores embutidos, diminuindo o atrito com o ar; sem contar a carroceria muito bem preparada. Seu motor, o famoso Ford-Cosworth, continuava passando por sucessivas fases evolutivas, e com 3.0 litros e aspiração natural, já rendia cerca de 470 hp de potência a 10.500 rpm.

Nem os lendários V12 da Ferrari chegavam a resultados tão promissores quando o assunto era relação peso x potência. Os propulsores italianos eram mais potentes com seus 480/490 hp estimados, mas eram mais pesados, o que não compensava a força extra.

Os V8 ingleses da Cosworth tinham menor massa, sem tanta perda de potência. Quando atrepados a um bom chassi, o conjunto formado era quase imbatível, como no Lotus 72, que garantiu a Rindt vitória em quatro etapas das nove que ele participou. Em Mônaco, Jochen deu a sorte grande de vencer com o antigo 49, por um descuido de Jack Brabham na última curva, dando a vitória de bandeja a Lotus.

Mesmo com um ano difícil do ponto de vista dos acidentes (além de Rindt, o britânico Piers Courage morreu no GP da Holanda e Bruce McLaren perdeu a vida em testes com um carro de outra categoria), 1970 ficou marcado no mundo da F1 pela aparição dos primeiros pneus slick, aqueles lisos e sem riscos, construção que se firmaria na temporada seguinte, e está na F1 até hoje.

Na próxima semana, não perca a história do campeonato de 1971!

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Fonte: direitonews

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