F1 de 1969 teve protestos por pistas seguras e piloto expulso por lentidão


O desenvolvimento tecnológico dos carros de Fórmula 1 tinha sido muito acelerado nos últimos três ou quatro anos. A contrapartida é que os circuitos continuavam praticamente iguais aqueles que recebiam as corridas do início dos anos 60. Por isso, as competições de F1 foram ficando cada vez mais perigosas, afinal os carros ganhavam desempenho e atingiam maiores velocidades, enquanto as pistas não os acompanhavam as evoluções.

Na temporada de 1969, o campeonato estava bastante apertado: seriam 12 etapas válidas em apenas sete meses. Só que isso até a Associação dos Pilotos de Grande Prêmio vetar, em um motim junto de demais pilotos, o GP da Bélgica, que aconteceria no circuito de Spa-Francochamps, por falta de segurança da pista.

A preocupação para preservar a vida dos pilotos e de quem assistia as corridas estava cada vez mais em voga, com movimentos extremos, como essa “greve”, que obrigou os dirigentes dos autódromos a melhorarem os circuitos. A pena seria não haver mais corridas da categoria em locais que não oferecessem boa infraestrutura.

Jackie Stewart, líder da associação, aliás, foi o grande vencedor de 1969: o jovem piloto escocês conseguiu somar 63 pontos no total do calendário, sendo que seu vice, o belga Jacky Ickx, ficou bem atrás com meros 37 pontos.

De fato, uma lavada de Stewart em todos os seus colegas de Fórmula 1 em 1969, que, das onze etapas válidas do ano, venceu nada menos do que seis delas. Além da boa forma física e técnica, que lhe rendeu seu primeiro campeonato em 69, Jackie se preocupava muito com os demais pilotos, com a situação dos circuitos, a segurança dos espectadores e operação das equipes.

Mas Stewart não fez tudo sozinho. Grande parceira dele foi a equipe francesa Matra International, liderada, naquele ano, pelo inglês Ken Tyrrell, que fez toda a diferença na vida do jovem piloto, assim como o novíssimo carro Matra MS80.

No ano anterior, a Matra penava com o problemático MS10, que, apesar dos percalços, mostrava um bom potencial, tanto que conseguiu levar a equipe a um honroso terceiro lugar dentre os construtores da F1 de 1968. Já para a temporada de 1969, a Matra cedeu sua estrutura de equipe a Tyrrell, que já pegou pronto o projeto do MS80, bem como a estrutura de equipe e o time de pilotos, incluindo Jackie.

Utilizando motor Ford-Cosworth de última geração, de 3.0 litros e concepção V8, a dobradinha Matra/Stewart levou com facilidade o campeonato daquele ano. O carro estava em seu auge de desenvolvimento, já com novas suspensões, adereços aerodinâmicos eficazes e distribuição de peso apurada.

Como curiosidades, foi a primeira vez que um carro francês venceu o campeonato mundial de Fórmula 1 desde sua estreia em 1950, e a única vez na história da categoria que o carro campeão teve chassi desenvolvido e produzido na França (equipes francesas como a Renault ou a Gordini concebiam seus carros, na maioria das vezes, na Inglaterra).

Em 1969, também ficou marcado o desenvolvimento cada vez mais profundo dos carros de Fórmula 1. Uma das experiências feitas pela equipa Matra, com o carro MS84, foi a utilização da tração nas quatro rodas nos veículos de corrida, o que faria extrema diferença em circuitos úmidos ou em provas debaixo de chuva. Mas, claro, nas pistas secas, a tração integral acabava atrapalhando. No balanço final, o carro acaba perdendo tempo caso a pista estivesse seca. Não valia a pena.

Os técnicos buscavam outras soluções para melhorar o desempenho dos carros, e outro recurso muito trabalhado na época foi o da aerodinâmica. Aquelas asas altas, fixadas no sistema de suspensão para aumentar a aderência dos pneus, foram definitivamente abolidas pela FIA. Dependendo da situação da corrida, essas peças se soltavam, causando graves acidentes. Com isso, os carros passaram a ter perfil mais compacto, sem perder em dinâmica. Era a tecnologia caminhando a passos largos.

E, enquanto alguns tentavam ficar mais rápidos, outros iam pelo caminho contrário: o piloto canadense Al Pease, que corria por uma pequena equipe também do Canadá, guiando um carro Eagle-Clímax, teve a proeza de ser desclassificado do GP do Canadá de 1969, único que ele se atreveu a participar. O motivo? Era lento demais, a ponto de atrapalhar os demais pilotos. Foi o primeiro, e único, a ser expulso de um GP de Fórmula 1 pela lerdeza.

Na próxima semana, não perca a história do campeonato de 1970!

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Fonte: direitonews

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