Quase chegando aos anos 70, a Fórmula 1 já começava a ganhar um aspecto mais próximo ao da atualidade. 1967, um ano de peso para a categoria, ficou marcado pela regularidade de resultados e mais uma vitória da Brabham, que já havia forjado Jack Brabham como campeão do ano anterior, mas agora tendo o neozelandês Denny Hulme como piloto vitorioso. Lembrando que a equipe era pequena e só tinha esses dois pilotos: Jack, que venceu 1966, e Hulme, campeão de 1967.
Nas onze etapas que compuseram esse campeonato, iniciado em 2 de janeiro e encerrado em 22 de outubro, Denny Hulme ficou em primeiro em apenas duas delas (GPs de Mônaco e Alemanha). O restante da pontuação que lhe garantiu o campeonato foi fruto da resistência e confiabilidade do Brabham, o que salvou o ano da equipe.
Como curiosidade, Hulme foi o primeiro e único piloto neozelandês a ganhar um Campeonato Mundial de F1 na história. Além disso, Denny conseguiu levar a melhor sem ter nenhuma pole position ou volta rápida naquele ano, o que lhe garantiu outro feito de destaque em mais de 70 anos de categoria.
O motor australiano Repco, um 3.0 V8, não era dos mais potentes. Em contrapartida, se dava bem pela robustez, resistência e economia, o que lhe garantia sempre uma boa colocação no final das corridas. Da mesma forma, o chassi Brabham também não era dos mais rápidos, mas os baixíssimos índices de quebras levavam a equipe ao final da prova e pontuando.
A equipe teve ainda uma carta na manga a partir de meados do calendário: no GP da Bélgica estreava o novo carro BT24, que tinha projeto baseado no BT23 de Fórmula 2. Se comparado aos modelos que já corriam na F1 (BT19 e BT20), o 24 era notarialmente mais leve e compacto, com soluções mais aprimoradas na direção, freios e suspensão.
O novo carro trazia ainda um motor Repco inédito, o 740. Dentre outras melhorias, ganhava importantes cavalos de potência, chegando na casa dos 330 cv. Ainda assim, sofria, e muito, com os fenomenais Ford-Cosworth DFV.
1967, aliás, foi o ano de debute do DFV, um dos melhores motores de competição da história do automobilismo mundial. Desenvolvido pela empresa inglesa Cosworth, era leve, ágil e muito potente para a época — já nasceu com mais de 400 cv. O novo motor inglês marcou o início de uma grande fase na Fórmula 1, que perdurou até meados dos anos 80.
A primeira equipe a acreditar no novo propulsor foi a Lotus. O moderno e também leve e compacto casou tão bem com o DFV V8 que Jim Clark conseguiu seis pole position das onze etapas totais, e durante os GPs cravou cinco melhores voltas. Seu companheiro de equipe Graham Hill também se saiu muito bem com três pole position e duas melhores voltas. Isso mais do que provava o sucesso do Lotus 49 e seu V8 Cosworth, conjunto com enorme potencial.
Mas a confiabilidade mecânica dos Lotus não era das melhores. Por isso, os dois pilotos ingleses não conseguiram fazer muito durante a temporada, penando com inúmeras quebras e falhas dos carros da equipe inglesa. Foi assim que a Brabham acabou sendo a campeã do ano…
No apanhado do ano, destaque para o afastamento da Ferrari, que sofria com carros já desatualizados, e, para piorar, perdeu seu principal piloto, Lorenzo Bandini, em um grave acidente durante o GP de Mônaco, o segundo do calendário.
A Equipe Honda, ainda com carro único RA273 na maioria das etapas (seu sucessor RA300 só chegaria no final do ano), tinha agora como seu único piloto o inglês John Surtees, campeão de 1964 pela Ferrari, o que garantiu a vitória da equipe japonesa no GP da Itália de 1967, em uma prova que prevalecia a alta velocidade, dando brilho ao motor Honda 3.0 V12.
Na próxima semana, não perca a história do campeonato de 1968!
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Fonte: direitonews