F1 de 1964 teve estreia da Honda e piloto de motociclismo como campeão


1964 foi um ano de boas esperanças para a Fórmula 1, quando o mundo já reconhecia a categoria como a principal do automobilismo mundial. Ainda assim, havia certa defasagem tecnológica. Os motores de até 1.5 litro tinham apenas duas válvulas por cilindro, o que limitava a potência na casa dos 200 cv.

Um verdadeiro assombro para a época, em um período em que a injeção eletrônica e motores de quatro válvulas por cilindro já começavam a ser utilizados nos carros de rua.

Os chassis tubulares já davam lugar aos monochoques de alumínio, uma espécie de caixa rígida que sofria pouca torção. Leves e equilibrados, os carros tinham peso mínimo de 450 kg, impressionando pela desenvoltura e agilidade nas pistas. Os tempos dos “calhambeques” dos anos 50, grandes, pesados e de difícil direção, já era passado.

O campeonato de 1964 teve dez etapas, distribuídas entre 10 de maio e 25 de outubro. Houve ainda outras oito provas extraoficiais. Foi disputadíssimo. Dos GPs que contaram pontos, três foram vencidos pela Ferrari, outros três pela Lotus, dois pela BRM e outras dois pela Brahbam.

O equilíbrio era quase absoluto entre as equipes, mas, nesse caso, foi a Scuderia Ferrari que levou a melhor. Ela estreava seu novo carro, o 158, que, na realidade, era uma evolução do antigo 156, grande campeão de 1961.

Frente ao antigo, o 158 tinha um novo motor V8 em vez do V6, mantendo os 1.500 cm³ e aspiração natural exigidos pelo regulamento, mas a potência de 190 cv do V6 subia para saudáveis 210 cv. O chassi tubular do 156, muito bom, foi transformado no 158: aplicaram-se placas de alumínio sobre o tubular, aumentando sua rigidez torcional. O resultado não poderia ser melhor, tanto que o carro foi campeão da temporada de 1964 com a ajuda do piloto John Surtees.

O britânico, aliás, era um caso a parte nas competições, pois havia migrado das motos para os carros. Começou em 1952 e quatro anos depois já sagrou-se campeão mundial de motociclismo. Surtees ainda conseguiu ganhar outras provas importantes sobre duas rodas e só depois descobriu sua vocação para pilotar automóveis.

O talento para a velocidade ia muito além das duas rodas e, depois de alguns testes, aos 26 anos de idade, Surtees passou para o automobilismo, começando na Lotus. A medida em que se habituava às reações dos carros, o jovem piloto inglês evoluía, e em 1963, notado por Enzo Ferrari, passou a compor a Scuderia Ferrari. No ano seguinte, ele e o inédito 158 já fizeram bonito como campeões mundiais de Fórmula 1.

Durante toda a temporada, a disputa era ferrenha entre Surtees e seus compatriotas Jim Clark e Graham Hill. Só que o ex-piloto de motos levou a melhor nos GPs da Alemanha e Itália e ainda pontuou bem nas demais etapas.

O campeonato só foi definido mesmo na última prova do calendário daquele ano, o GP do México, quando, ponto a ponto, os três ingleses tinham chances de vitória. Depois da quebra do Lotus de Clark e um acidente com o BRM de Hill, Surtees precisava da pontuação de um segundo lugar para ser campeão. A posição estava sendo ocupara por Lorenzo Bandini, seu companheiro de equipe, que acabou cedendo a colocação para Surtees se tornar campeão.

Ponto de destaque de 1964 na F1 também foi a estreia da Honda na principal categoria do automobilismo mundial, com a equipe Honda R&D Company. Criada sob a tutela de Soichiro Honda, chefão da marca que adorava competições, a divisão nasceu para provar ao mundo as capacidades de engenharia, tecnologia e concepção da fabricante japonesa.

Concebido e criado no ano de 1963, o carro RA271 estreou em meados do calendário de 1964, no GP da Alemanha, sexta etapa daquele ano. Quem estava ao volante era o desconhecido norte-americano Ronnie Bucknum, piloto que também fazia sua estreia na Fórmula 1. Apesar de não ter brilhado nos resultados, o carro japonês inovava na disposição transversal de motor e câmbio, enquanto as demais equipes apostavam no conjunto longitudinal.

Mas, além do piloto sem experiência, outro problema da Honda na F1 em 1964 era o alto peso do seu carro, 525 kg, ou cerca de 55 kg a mais que o Ferrari 158, por exemplo.

Na próxima semana, não perca a história do campeonato de 1965!

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Fonte: direitonews

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