F1 de 1954 teve estreia vitoriosa da Mercedes e bicampeonato do argentino Fangio


O ano de 1954 foi especial para a Fórmula 1, pois marcou a chegada da Mercedes no campeonato mundial, já com tecnologia muito superior àquela utilizada por seus concorrentes. Além disso, foi um GP memorável para os argentinos: aquele seria o bicampeonato do piloto Juan Manuel Fangio, que já havia levado a melhor em 1951 a bordo de um Alfa Romeo, e agora repetia o feito, mas correndo metade do campeonato em um Maserati e outra metade com o Mercedes. Seu compatriota, José Froilán Gonzáles, ficou em segundo.

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Na realidade, o Mercedes W196R, carro que ganhou a temporada de 1954, só ficou pronto depois que o campeonato já estava em andamento (estreou na quarta etapa, no GP da França), mas isso não atrapalhou a excelente performance do argentino, que acabara de sair de duas vitórias com o Maserati 250 F1 de motor 2.5 aspirado (GP da Argentina e GP da Bélgica), para ganhar também na França. Lembrando que Fangio já tinha, então, seus 43 anos de idade.

Além dos GPs já citados acima, tínhamos o da Inglaterra, Alemanha, Suíça, Itália e Espanha, em um calendário de provas iniciado em 17 de janeiro e encerrado em 23 de outubro. O regulamento da prova norte-americana, 500 Milhas de Indianápolis, ainda era diferente, não permitindo o uso dos mesmos carros das demais etapas. Nenhuma equipe europeia quis correr por lá.

A Mercedes, que já participava das corridas de GP pré-guerra, resolveu voltar (ou começar) com força total em 1954 depois da grande crise econômica alemã do pós-guerra.

Para isso, criou o carro totalmente novo W196R, que possuía chassi tubular com tubos finos e leves, um motor dianteiro posicionado atrás do eixo para equilibrar o peso, e o câmbio era instalado atrás do eixo traseiro, com o mesmo objetivo. Além disso, para ter freios potentes e maiores a tambor ventilado (ainda não existiam os discos), passou a utilizar rodas raiadas aro 16.

Apesar de experimentarem diferentes alternativas para mover o tão moderno projeto, sempre seguindo as opções do regulamento, acabaram esbarrando em problemas como o alto consumo ou baixa potência específica (cv/litro).

A forma encontrada para corrigir isso foi a criação de um motor 2.5 de seis cilindros em linha com aspiração natural (concepção prevista no regulamento), o que acabou culminando no atraso da chegada da Mercedes naquela temporada.

Mas o atraso trouxe ótimos resultados: o novo motor trazia as mais altas tecnologias da época quando o assunto era propulsão a combustão. Desenvolvidas pela Bosch, as modernidades incluíam injeção direta de combustível (trazida de aviões), duas velas por cilindro (otimizando a queima de gasolina), além da inovação do comando desmodrômico, que permitia o fechamento das válvulas sem o uso de molas, graças a um sofisticado sistema mecânico que abria e fechava a válvula com baixíssimo atrito e perda mecânica.

Essas foram algumas das grandes armas da Mercedes para ganhar o campeonato, além dos 256 cv de potência e aproximados 30 mkgf de força máxima (12 quilos/litro de cilindrada!), que moviam com rapidez os cerca de 835 kg do carro, juntamente com a vantagem das cinco marchas do câmbio (boa parte dos rivais tinham quatro).

E como se isso não bastasse, o W196R tinha a carroceria que melhor aproveitava a aerodinâmica do campeonato, um fator pouco considerado na época. As primeiras unidades tinham suas quatro rodas cobertas, frente bastante baixa e desenho fluído para reduzir o atrito com o ar, gerando seu apelido de Streamline (algo como “linha fluída”).

Um fato é que sua frente baixa só era possível graças a instalação inclinada em 53º para a direita do motor de 2.496 cm³, solução encontrada posteriormente em projetos de carros de rua, como no nosso VW Passat. Por essas e outras, o W196 superava os 300 km/h.

Só que havia um problema: apesar das carenagens melhorarem a aerodinâmica nas retas, elas complicavam a aderência em curvas. Isso porque não havia a devida pressão nas rodas, de cima para baixo, dando a máxima aderência aos pneus (o ar passava por cima, pelos paralamas), e, assim, havia grande tendência de o carro sair de frente e alargar as curvas.

Logo a engenharia da Mercedes criou o W196R “aberto”, no mesmo estilo “charutinho” dos demais carros de F1 da época, para determinadas pistas. Ambos carros lendários.

Para a próxima semana, não perca a história do campeonato de 1955!

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Fonte: direitonews

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