Contrariando o ditado secular: “o que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”, a forte expansão do mercado de trabalho ianque não é uma boa notícia para a pátria tupiniquim, uma vez que a exibição de vigor da maior economia do mundo deu o pretexto perfeito para que o Federal Reserve (Fed) – o bc estadunidense – prossiga na intenção de elevar, no mínimo, em mais duas vezes, este ano, as taxas de juros locais. Mas o que isso tem a ver com nosso país?
Ocorre que qualquer elevação no custo do dinheiro é acompanhada pela maior atratividade dos ativos dos EUA pelos investidores internacionais, em detrimento de economias emergentes, como a brasileira, embora esse impacto aqui não deva ser percebido de imediato, no curto prazo.
De qualquer forma, a notícia internacional do dia é que o setor privado ianque criou 497 mil novos postos de trabalho em junho (bem acima dos 250 mil estimados por analistas), conforme dados divulgados, nesta quinta-feira (6) pela ADP (Automatic Data Processing), indicador sobre a economia e emprego dos Estados Unidos, também chamado de prévia do payroll, principal referência do nível de emprego local, cujos salários cresceram 6,4% no mês passado.
O desempenho do mercado de trabalho em junho constitui um avanço considerável, levando em conta que o país ianque havia criado 339 mil empregos em maio, montante 78% ao estimado pelo mercado, de não mais do que 190 mil postos de trabalho. A escalada do emprego já vinha ocorrendo em março e abril, quando foram criadas 217 mil e 294 mil vagas, respectivamente.
Apesar disso, o Departamento de Trabalho dos EUA admitiu que a taxa de desemprego voltou a subir na ‘pátria da bandeira listrada’, de 3,4% em abril (patamar mais baixo desde 1969), para 3,7%, em maio. Ao mesmo tempo, o contingente de desempregados local cresceu 440 mil em maio, atingindo 6,1 milhões de pessoas. Desde março de 2022, a taxa de desemprego oscila entre 3,4% e 3,7%, com predominância de desemprego entre mulheres adultas (+3,3%) e negros (+5,6%).
No mesmo levantamento, o salário médio dos estadunidenses subiu 0,3 em maio, em relação ao mês anterior. Em 12 meses, contados até maio, o salário aumentou 4,3%, aquém da projeção de 4,4% dos analistas. Já a média das horas trabalhadas na semana caiu 0,1 hora para 34,3 horas em maio.
Fonte: capitalist