“A principal discussão que os países ocidentais vão tentar trazer será a das guerras, que é uma questão importante, evidentemente, mas a partir de uma tentativa de trazer soluções unilaterais para os conflitos, sobretudo o da Ucrânia, uma questão extremamente complexa, enquanto os outros países do mundo veem outros problemas como extremamente importantes, como é o caso da fome, das mudanças climáticas”, comentou o professor da PUC-SP.
“A posição do Brasil hoje no G20 é muito complicada, até porque recentemente adotamos algumas posições, sobretudo no âmbito do BRICS, que foram extremamente danosas para a nossa imagem externa, sobretudo na inauguração do veto dentro do BRICS, que eu achei que foi muito negativo com relação à Venezuela”, opinou ele.
“Por mais que os Estados Unidos, ao longo da administração Biden, tenham tentado reafirmar esse apoio às instituições multilaterais, eles também foram esvaziando isso e tentando tornar o G20 algo mais próximo do G7, o que não era o objetivo dos países que fazem parte do G20, como é o caso do Brasil, como é o caso da Indonésia”, opinou. “Considerando também a nova presidência do Trump, que vai de novo retirar os Estados Unidos desses órgãos internacionais, coloca, na verdade, a situação do atual G20 a partir de um esvaziamento muito grande.”
“Ficou a percepção de que o G20 vai ser um marco, digamos, desse final de ciclo do Biden, e potencialmente já se preparando ou já criando as condições para que esses países estejam organizados para uma transição para o Trump. Então eu acredito que a gente vai ver um G20 esvaziado do ponto de vista dos resultados, mas não esvaziado do ponto de vista das presenças e da marcação de posições”, avaliou.
“Os Estados Unidos, em alguma medida, vão postergando, com os países ocidentais, a ampliação do Conselho de Segurança da ONU e a reforma das instituições internacionais, e isso vai esvaziando cada vez mais o G20. Essas tensões vão se manifestar, mas como o G20 não consegue resolver, porque os países têm visões tão diferentes e tão conflitantes com relação à realidade internacional, vai ser muito difícil que essas tensões e esses conflitos de visões consigam chegar a um consenso.”
África
“Isso é um reconhecimento não só político, mas também um reconhecimento estratégico, não só por parte do governo brasileiro, mas também por parte das instituições hoje e, justamente, também desse fórum, de que a presença da União Africana é extremamente relevante.”
“O G20 é uma tentativa de replicação do G7 para um compartilhamento do poder por parte dos Estados Unidos. Só que é uma proposta que fracassou, não conseguiu ser bem-sucedida como foi o G7, e isso tem gerado justamente esses efeitos, no sentido das tensões e dessa divisão entre diferentes visões sobre os problemas internacionais.”
Fonte: sputniknewsbrasil