Evento reúne empresas ativistas na luta contra as mudanças climáticas


Em 2001, quando James Ramsey, fundador da ONG britânica Responding to Climate Change Limited (RTCC) foi à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP7) no Marrocos, o evento reunia cerca de 4 mil pessoas. Para a COP28, que acontecerá no final deste ano em Dubai, são esperados mais de 70 mil participantes. “O evento ganhou uma proporção impressionante”, diz Ramsey.

Na noite da última segunda-feira, dia 6, Ramsey foi o grande destaque do evento Pacto de Adaptação, realizado pelo Grupo Laces – que engloba um ecossistema pioneiro em ESG e tratamentos saudáveis para cabelos desde 1987 –, para debater o que as empresas estão fazendo, na prática, para se adaptar às melhores práticas de ESG.

Fundada em 2002, a RTCC é acreditada pela ONU e tem como missão ampliar a consciência sobre as mudanças climáticas. Em 2022, foi a responsável por convidar o Grupo Laces para apresentar seu case na COP27, que aconteceu no Egito.

Um dos grandes diferenciais de ir ao evento acompanhado de uma ONG como a RTCC, explicou Itamar Cechetto, CEO do Laces, é que a instituição coloca as empresas na chamada “blue zone”, espaço que reúne os negociadores da conferência. “Precisamos provocar mais e mais empresários sobre o tema da mudança climática para que a gente consiga aumentar o tom de voz”, disse Cechetto durante o evento. “Temos o papel de ativistas nessa causa.”

Cris Dios, fundadora do Laces, ao lado de Itamar Cechetto, CEO do grupo: para os executivos, as empresas precisam assumir o papel de ativistas na luta pela proteção do planeta (Laces/Divulgação)

Papel da iniciativa privada na mudança climática

O Pacto de Adaptação, que teve como participantes empresários e executivos convidados pelo Laces, trouxe justamente essa provocação. Cechetto acredita que quem vai mudar esse jogo, de frear a mudança climática, é a sociedade civil e a iniciativa privada. Então, quanto mais trocas de experiências acontecerem, melhor. “A economia de transição precisa ser construída”, afirma o CEO do Laces.

Um dos temas abordados na COP27 foi justamente a adaptação que as empresas têm feito em seus processos para se tornarem mais sustentáveis. “Adaptação e sustentabilidade têm de andar juntos”, disse Hugo Dios Cechetto, head de mídia digital do Laces. “O Grupo Laces já pratica essa adaptação e, agora, dissemina a importância disso para outras empresas.” (Confira, no box a seguir, as ações do Grupo Laces para um mundo mais sustentável.)

Cris Dios, fundadora do Laces, relembra que a sustentabilidade é um propósito para a marca. “É algo que nos inspira há 35 anos, desde que a empresa nasceu”, disse. “Hoje, mais do que falar do Laces, queremos criar pontes, fazendo com que a sustentabilidade vire uma ação muito maior e permeie outras empresas.”

 

Convidado para falar no evento, João Francisco Santos, da ESG Soluções, explicou a importância de não tratar a sustentabilidade de forma acessória. O ESG, disse ele, precisa ser visto como um modelo de competitividade e, para isso, precisa entrar na estratégia da companhia. “É só com essa economia de transição que a gente vai garantir a saúde financeira da organização no longo prazo”, afirma.

Alexandre Sattos, gerente de ESG da Ancar Ivanhoe, que administra 28 shopping centers nas cinco regiões do Brasil, explicou durante o evento que a companhia está na fase de implementação de sua jornada ESG, depois de ter feito um diagnóstico e inserido o tema na estratégia da organização. “Estamos, agora, endereçando os pontos críticos”, disse.

A companhia já conseguiu alguns resultados em 2022, como economia hídrica de 113 mil metros cúbicos de água, reciclagem de 5 mil toneladas de resíduos, instalação de hortas e telhados verdes em alguns centros de compras, economia de energia de mais de 12 mil megawatts e 81% da energia usada oriunda de fontes renováveis. A meta, disse Sattos, é chegar aos 100%.

Embalagens mais sustentáveis

Fornecedor de embalagens do Grupo Laces, André Barrichello, da Macpet, do Paraná, contou durante o evento sobre a importância do desenvolvimento de recipientes mais sustentáveis. “A gente tem uma necessidade de correr contra o tempo”, disse.

Barrichello contou que o pet reciclado tem inúmeras utilidades, até mesmo voltar a ser embalagem. O problema é que pouco mais de metade dos recipientes pet atualmente são reciclados no Brasil.

André Barrichello, da Macpet: empresa criou embalagens que se decompõem em cinco anos, ao contrário do plástico comum, pode ficar por até 200 anos na natureza (Laces/Divulgação)

Para resolver esse impasse, a Macpet e, a Macpet adicionou às embalagens uma enzima chamada Go Green, que torna as embalagens de plástico – incluindo as da linha LCS, do Laces, biodegradável.

Com essa inovação, a embalagem, quando descartada, se decompõe em cinco anos, diferentemente das tradicionais, que levam até 200 anos para fazer o mesmo. Barrichello explica que elas deixam no solo, após sua decomposição, somente água, gás carbônico e biomassa (húmus).

Casa 3D: entregue em 20 horas

Também convidado do Pacto de Adaptação, Daniel Katz contou sobre as casas impressas 3D que sua empresa vem desenvolvendo em parceria com a companhia espanhola IT3D. Na casa-piloto de 45 metros quadrados, entregue em apenas 20 horas, houve uma redução relevante no uso de materiais.

“Para cada três prédios construídos (em um processo normal da construção civil), um vai para o aterro sanitário”, disse Katz, mostrando o tamanho do descarte gerado pela indústria. “As casas impressas em 3D são um passo grande para reduzir os resíduos.”

Vinho direto da fonte

Na sequência, Ariel Kogan, sócio-fundador da Kogan Wines, contou sobre as barreiras culturais que precisou derrubar para substituir os tradicionais barris de carvalho e o vidro nas embalagens de vinho de sua empresa. “Passa por uma transformação cultural”, disse.

Na Kogan Wines, os vinhos são armazenados em barris de inox e a empresa utiliza, em algumas linhas, embalagens de papel e latas de alumínio. Também vem trabalhando com os growlers de cerâmica, que podem ser reutilizados, fazendo com que as pessoas levem seus recipientes e encham com o vinho direto da torneira em pontos específicos para isso.

Geração mais consciente

Finalizando a noite, Miguel Ángel Guillamón, da Exiline Cosméticos, fornecedora de tinturas para cabelos do Laces, contou que ele é a terceira geração da família à frente da empresa. Sua gestão vem mudando os processos, dentro da chamada economia de transição.

Miguel Ángel Guillamón, da Exiline Cosméticos: de olho na chamada economia de transição, empresa tem 90% de seus produtos feitos a partir de origem natural (divulgação/Divulgação)

“Meus pais pensavam em desenvolver produtos de baixo custo e que fossem bons para os cabelos e a pele. Agora, precisamos desenvolver produtos mais conscientes, mais em harmonia com a natureza”, afirma.

Nesse sentido, em 2005, somente 10% dos produtos da Exiline eram de origem natural. O restante era de origem fóssil ou sintética. Em 2023, o gráfico se inverteu, com cerca de 90% sendo de origem natural. “Temos a oportunidade de começar a mudança”, conclui.

Fonte: exame

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