Seguindo um caminho já adotado pelo Brasil em novembro do ano passado e, mais recentemente, pelos Estados Unidos, a União Europeia decidiu aumentar em quase cinco vezes o imposto de importação cobrado de veículos elétricos chineses comercializados em países do bloco.
A decisão, tomada pela Comissão da União Europeia, teria sido comunicada ao governo da China no dia 4 de junho, e se baseou em um estudo iniciado em setembro de 2023. A investigação concluiu que a cadeia de produção chinesa ligada aos carros elétricos “se beneficia de subsídios governamentais” considerados “injustos”, gerando uma “ameaça para a indústria europeia de veículos”.
Atualmente, elétricos produzidos em solo chinês e comercializados em países membros da UE pagam uma tarifa de importação de 10%. A partir da decisão, será cobrado um imposto adicional que poderá variar entre 17 e 38 pontos percentuais, de acordo com o nível de cooperação das fabricantes chinesas envolvidas na investigação.
Por exemplo, BYD (atual maior fabricante de veículos elétricos no mundo) e a Geely, duas das maiores companhias automobilísticas da China, devem ser tarifadas com um imposto extra entre 17 e 20 pontos percentuais, chegando a uma taxa total próxima de 30%. Já a Saic, que não teria colaborado com o estudo, pagará o teto de 48% (os 10% iniciais mais os 38 pontos percentuais adicionais).
Nem marcas europeias, como Mercedes-Benz e Renault, que produzem elétricos na China e os mandam de lá para o continente, escaparão do “tarifaço”. Ambas terão um imposto adicional de 21 pontos percentuais. Já a americana Tesla, que também exporta elétricos da China para a Europa, “receberá uma taxa a ser individualmente calculada”, afirma a comissão.
“Não temos alternativa diante do grande aumento de importação dos veículos elétricos vindos da China com fortes subsídios”, declarou Valdis Dombrovskis, presidente da Comissão Europeia do Comércio. Entretanto, Dombrovskis afirmou que o bloco está “aberto a negociar outras possíveis soluções” para o tema.
Alguns membros da União Europeia, como Alemanha, Suécia e Hungria, posicionaram-se contra a medida, temendo retaliações por parte da China – que atualmente aplica 15% de imposto sobre veículos elétricos europeus vendidos no país.
O ministro do comércio da China, Wang Wentao, declarou estar “altamente preocupado e insatisfeito” com o aumento de imposto aplicado pela União Europeia. Ele classificou a medida como “mal embasada e fora da lei”.
Por fim, o ministro chinês do comércio completou que o governo de Xi Jinping tomará “todas as medidas necessárias” para proteger os direitos das companhias chinesas. “A UE fabricou e exagerou [as informações sobre] esses ditos subsídios [aos veículos elétricos chineses]. Trata-se de um ato claramente protecionista”, completou.
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Fonte: direitonews