Europa está ‘sugando gás’ de países em desenvolvimento acentuando a crise de energia no mundo


25815625

A Europa, atingida pela crise de energia, “está sugando gás” de outros países, especialmente os em desenvolvimento e “a qualquer custo“, disse o analista de energia do Credit Suisse Group AG, Saul Kavonic, a uma agência de notícias dos EUA.
De acordo com o analista, as preocupações com a segurança energética na Europa “estão levando mundo emergente à pobreza energética“.
As declarações ocorrem no momento em que a Europa está tentando lidar com a diminuição do suprimento de combustível da Rússia, causada pelas rígidas sanções dos países ocidentais contra Moscou que foram impostas logo após o início da operação militar especial russa na Ucrânia no final de fevereiro. Para complicar a situação, a relutância da UE em pagar pelo gás russo em rublos — uma decisão baseada no comportamento hostil do Ocidente — acabou privando alguns países do combustível de maneira prematura.
A mídia norte-americana observou a esse respeito que os países europeus, atingidos pela escassez de gás, passaram a recorrer “ao mercado spot, onde a energia que não está comprometida com os compradores é disponibilizada para entrega em curto prazo“.
Um manifestante segura um cartaz que diz Greve total — uma brincadeira com a gigante francesa de energia TotalEnergies — durante uma manifestação convocada pela coalizão de esquerda francesa NUPES (União Ecológica e Social do Novo Povo), em Paris, contra o aumento dos custos de vida e a inação climática, 16 de outubro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 17.10.2022

De acordo com a agência, os preços crescentes da energia levaram alguns fornecedores do sul da Ásia a simplesmente cancelar “entregas programadas há muito tempo em favor de melhores rendimentos em outros lugares“.
O analista da Wood Mackenzie, Raghav Mathur, afirmou que “os fornecedores não precisam se concentrar em garantir seu gás natural liquefeito [GNL] para mercados de baixa acessibilidade”.
Segundo o analista, há países da UE, incluindo Alemanha, Itália, Finlândia e Países Baixos, que estão com pressa para concluir a construção de terminais flutuantes de importação para trazer mais combustível no futuro. A agência de notícias norte-americana revelou em uma pesquisa que a demanda europeia por gás natural deve aumentar em quase 60% até 2026.
O chefe da gigante de energia russa Gazprom, Alexey Miller, alertou ainda no mês passado que a introdução de um teto de preços para o gás russo na Europa seria uma violação dos termos contratuais e implicaria a rescisão de fornecimentos.
No dia 7 de outubro, o bloco europeu impôs seu oitavo pacote de sanções contra Moscou, que em particular estabelece uma estrutura para limitar o preço das exportações de petróleo russo a um nível coordenado pelo G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). A medida deve entrar em vigor no dia 5 de dezembro para petróleo bruto e em 5 de fevereiro para derivados de petróleo.
Bandeiras da União Europeia em frente à sede da Comissão Europeia em Bruxelas (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 13.10.2022

No final de setembro, os ministros de energia de 15 países da UE enviaram um apelo conjunto à Comissão Europeia para pedir a introdução de um teto de preços para todas as importações de gás para a UE, independentemente de sua origem, para conter o aumento de preços da energia.
Em paralelo a isso, a sabotagem dos gasodutos russos Nord Stream 1 e 2 (Corrente do Norte 1 e 2) que ocorreu no dia 26 de setembro — construídos para transportar um total anual de 110 bilhões de metros cúbicos de gás russo para a Europa — interrompeu as entregas de gás para a Alemanha, provocando um aumento no preço do gás e uma busca por fontes alternativas na União Europeia.
Desde 2021, os preços da energia nos países da UE têm subido como parte de uma tendência global. Após o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia em 24 de fevereiro e a adoção de sanções antirrussas pelo Ocidente, os preços da energia aceleraram a tendência de alta, colocando a segurança energética no topo das agendas global e nacional e pressionando muitos governos europeus a recorrer a medidas de contingência.
Anteriores PF autua indivíduo em flagrante por tentativa de homicídio contra policial rodoviário federal em rodovia em Santa Catarina
Próxima Agenda de Bolsonaro aponta 5h30 de compromissos oficiais desde derrota para Lula