“Yanukovich fala que não vai ver nenhum diplomata ucraniano entregando rosquinhas para manifestantes, por exemplo, do Black Lives Matter nos Estados Unidos, e criticando a atuação da polícia. Isso é uma intromissão violenta, uma intromissão descarada nos assuntos internos do outro país.”
“É evidente que houve uma intromissão tremenda. A gente tem gravações de oficiais americanos, nominalmente Victoria Nuland, discutindo a composição do governo antes de o impeachment se concretizar. Várias violações evidentes que fazem com que seja muito difícil não classificar como golpe o que ocorreu em 2014 na Ucrânia”, comenta o historiador.
🇺🇦 Seria o impeachment de Yanukovich um fator que influenciou a Operação Especial da Rússia na Ucrânia? @MelinaASaad e @rianhez explicam.
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“O apoio do Ocidente não começou em 2014 ou em 2022. Estamos falando das negociações do fim da União Soviética, quando Mikhail Gorbachev negociou os termos de reunificação da Alemanha e de dissolução do Pacto de Varsóvia”, lembra.
“Ao longo dos anos, houve várias ondas de aceitação de países da Europa Oriental na OTAN, e um dos principais motivos pelos quais os russos se sentiam ameaçados era a possibilidade de a Ucrânia também integrar essa organização.”
🌎 Como se deu o impeachment de Viktor Yanukovich e como isso influenciou o conflito entre Rússia e Ucrânia? Para entender, conversamos com o historiador especialista em história da União Soviética @rianhez. Ouça agora!https://t.co/h6OZ2Qs3TJ
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Corrupção e queda de Yanukovich: a cereja do bolo
“Foi proposto a ele um acordo comercial com a UE que envolvia uma série de outras questões […]. E havia um subtexto ali de afastamento da Rússia, uma tentativa de afastar a Ucrânia da esfera de influência russa. Ia limitar o acesso da Ucrânia aos produtos russos.”
“Não há dúvida que qualquer presidente ucraniano estava profundamente envolvido em corrupção. O atual governo tem seus escândalos também”, ressalta o historiador. “Se formos falar dos inimigos políticos deles, todos têm interesses econômicos, todos são oligarcas obscenamente ricos, nomes como Yushchenko, da Yulia Timoshenko, dois oligarcas do ramo de energia e de gás. O próprio Kuchma deixou o poder porque estava envolvido em uma série de escândalos”, descreve.
Ucrânia 10 anos depois do golpe: romper com a Rússia ‘não é lógico’
“Boa parte do orçamento ucraniano é de royalties do petróleo que passa pelos antigos gasodutos e oleodutos soviéticos, gás e petróleo, que cruza a Ucrânia vindos da Rússia. Os produtos agrícolas, o mercado para a Ucrânia era a Rússia. Então cortar laços com a Rússia não faz sentido, assim como não faz sentido cortar os laços com a União Europeia”, conclui ele.
Fonte: sputniknewsbrasil