“Apoiar a inclusão do Brasil poderia criar um precedente indesejado, incentivando reivindicações de outros países, levando a uma expansão do conselho que ultrapassaria os limites desejados por Washington. Ademais, os membros permanentes, incluindo os EUA, buscam manter sua posição privilegiada, resistindo a mudanças que possam comprometer a eficácia do poder de veto”, afirma Lemos.
“Como uma das principais economias emergentes, o Brasil teria a capacidade de amplificar as vozes e demandas dos países em desenvolvimento, contribuindo para um equilíbrio mais inclusivo. Além disso, o Brasil poderia promover maior pluralidade no conselho, favorecendo agendas voltadas para o desenvolvimento sustentável, a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos humanos — questões que ressoam com as prioridades das nações em desenvolvimento.”
Expansão do CSNU é vital para lidar com novos desafios globais
“A inclusão de novos membros permanentes teria implicações nas dinâmicas internas do conselho, alterando alianças e negociações e, possivelmente, gerando novas tensões entre os membros. Ainda assim, uma expansão que espelhe a realidade de um mundo multipolar teria o potencial de fomentar soluções mais duradouras e sustentáveis para os desafios globais, conferindo maior legitimidade ao conselho.”
“A ideia de que tenha outro país americano, da América do Sul, Norte ou Central, no Conselho de Segurança, com assento permanente, poderia minar essa liderança regional que os Estados Unidos se arrogam nesse quesito da segurança, de definir qualquer pauta de segurança, definir o que é estabilidade ou não, definir qual vai ser a lógica da defesa e quais vão ser as lógicas das intervenções humanitárias aqui no continente americano”, afirma.
“[A relutância à entrada do Brasil] é muito uma ideia de manter certa dominação política e manter certa capacidade de definição de agendas e de definição de políticas para os Estados Unidos”, acrescenta.
“Eu acho que a gente poderia substituir nesse G4 a Alemanha por um país africano ou pensar um G5 com, pelo menos, um país africano — talvez a África do Sul ou a Nigéria.”
“Nessas discussões que a gente vê sobre políticas para o Sul Global, articulações do Sul Global, tem uma discussão que é por dentro do sistema. Eu não sei até que ponto essa atuação por dentro do sistema pode forçar uma reforma do Conselho de Segurança ou se ela vai ser só utilizada como símbolo […]. Mas eu acredito que ela [a reforma] poderia contribuir para uma maior estabilidade global se buscasse uma reforma mais representativa e que democratize um pouco mais a governança das questões de segurança via Conselho de Segurança da ONU”, conclui o especialista.

Fonte: sputniknewsbrasil