EUA esgotam possibilidades financeiras para Ucrânia e perspectivas para 2024 são incertas


Na última semana, o Departamento de Defesa dos EUA alertou que os fundos para fornecer ajuda à Ucrânia acabam efetivamente em 30 de dezembro. A ajuda militar anunciada no dia anterior, de US$ 250 milhões de dólares (R$ 1,2 bilhão), foi chamada de pacote final para 2023.
Para o envio de recursos adicionais, é necessário uma nova aprovação do Congresso, que já rejeitou o pacote solicitado pela Casa Branca para a área de defesa de US$ 106 bilhões (R$ 514 bilhões), sendo mais de US$ 60 bilhões (R$ 291 bilhões) reservados para o governo de Vladimir Zelensky.
Desde fevereiro de 2022, quando foi iniciada a operação militar especial russa na Ucrânia, os EUA já enviaram mais de US$ 100 bilhões (R$ 485 bilhões) em recursos, com diversas denúncias de corrupção da gestão ucraniana e falta de transparência dos gastos.
Entre os republicanos, que são maioria na Câmara dos Representantes, há diversos questionamentos ao financiamento por conta de questões internas. A principal é com relação ao pedido de mais recursos para a fronteira do México como contrapartida à aprovação do financiamento ucraniano. Desde o início do ano, já passaram quase três milhões de migrantes ilegais na região.
O presidente dos EUA, Joe Biden (à esquerda), o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg (ao centro), e o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, conversam antes de reunião sobre a Ucrânia, em Vilnius, Lituânia, em 12 de julho de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 29.12.2023

Perspectivas são incertas

O consultor político Bryce Green afirmou à Sputnik que a “questão da ajuda à Ucrânia está em um momento estranho”.
“A classe política americana, representada por ambos os partidos, em sua maioria apoia a Ucrânia, pelo menos retoricamente, mas os republicanos no Congresso estão atrasando a alocação da maioria dos pacotes de ajuda com base no fato de que desejam mais dinheiro para a militarização adicional da fronteira sul do país”, comenta.
Segundo o especialista, embora tal justificativa “possa ser sincera, ela é inoportuna, considerando que a realidade na situação com a Ucrânia mostra que os objetivos iniciais da guerra, resistir à Rússia, são praticamente inatingíveis”. Green também destaca “a crescente preocupação sobre como os EUA estão se dividindo entre o apoio à Ucrânia, a escalada com a China e agora o conflito na Palestina”.
O último, na opinião do ex-conselheiro da Comissão Presidencial Russo-Americana James Carden, é a principal razão para a desaceleração do fornecimento de apoio à Ucrânia. “Não tenho certeza de que isso tenha a ver com política interna, mais provavelmente, o fator decisivo é a guerra em Gaza. Se ela se expandir, e isso já aconteceu no mar Vermelho, a Ucrânia simplesmente terá que procurar financiamento em outro lugar”, disse. Em sua avaliação, “nada é tão caro para o Congresso quanto Israel, mesmo os próprios eleitores”.
Volodímir Zelenski - Sputnik Brasil, 1920, 13.12.2023

O Congresso entrou em recesso e só voltará ao trabalho após o início do novo ano, em 8 de janeiro. Enquanto isso, Bryce Green adverte que, dada a situação atual, “a configuração política em Washington em relação à Ucrânia pode mudar significativamente com o retorno” dos parlamentares.
“No que diz respeito a 2024, à medida que se torna mais evidente que o apoio americano à Ucrânia não trouxe os resultados desejados, isso pode se tornar uma arma ainda mais eficaz que Trump ou outros oponentes usarão contra Biden”, aponta o analista americano.
Os Estados Unidos e seus aliados europeus buscam outras opções de financiamento para apoiar a Ucrânia, incluindo a possibilidade de confiscar ativos russos congelados no valor de US$ 300 bilhões (R$ 1,4 trilhão). A Rússia já afirmou que a medida terá consequências.
A Rússia já alertou diversas vezes os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre as entregas de armas à Ucrânia. O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que qualquer carga que contenha armas se tornará um alvo legítimo do país e que a entidade está “brincando com fogo”.
Moscou enfatizou ainda que o fornecimento de armas pelo Ocidente não contribui para o sucesso das negociações russo-ucranianas e terá um efeito negativo. Lavrov também afirmou que os EUA e a OTAN estão envolvidos diretamente no conflito, não apenas fornecendo armas, mas também treinando pessoal nos territórios do Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países.

Fonte: sputniknewsbrasil

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