As novas vacinas atualizadas para lidar com as subvariantes da Ômicron podem não ser tão eficientes contra a BA.4 e BA.5 do que as fórmulas originais do imunizante, de acordo com duas pesquisas realizadas pelas universidades de Harvard e Columbia, nos Estados Unidos.
Foram comparadas as respostas imunológicas de pessoas que tomaram as fórmulas novas e as antigas como reforço, e os cientistas consideraram ambas muito parecidas, o que não justificaria uma nova vacina.
“Não vemos praticamente nenhuma diferença”, afirma o professor de microbiologia e imunologia David Ho, da Universidade de Columbia.
Os cientistas acreditam que, quase três anos depois do primeiro caso, o corpo humano há entendeu como combater o vírus original, e os reforços das primeiras vacinas seriam suficientes para garantir que a proteção esteja restaurada.
A ideia inicial das atualizações das fórmulas era inserir informações sobre a variante Ômicron e suas subvariantes para que, quando o indivíduo tivesse contato com as cepas, já saberia como combatê-las. A BA.4 e BA.5 são consideradas as variantes prevalentes no mundo hoje.
A principal diferença entre elas e a cepa original é que sofreram várias mutações na proteína Spike, usada pelo vírus para entrar na célula e cuja informação é utilizada para fabricar as vacinas.
Apesar de os dois estudos terem sido feitos de maneira separada e chegado às mesmas conclusões, os cientistas apontam que ambos são pequenos e preliminares. O levantamento de Columbia é baseado nas informações de 40 pessoas, e o de Harvard, em 33 indivíduos. O tempo analisado nos levantamentos foi de três a cinco semanas depois do reforço.
“Não podemos dizer que daqui a alguns meses não haverá diferença no quadro. Precisamos acompanhar essas pessoas por um período maior de tempo”, explica Ho.
As pesquisas também foram publicadas em formato pré-print, ou seja, ainda precisam passar por revisão da comunidade científica.
Apesar dos resultados, os responsáveis pelos estudos enfatizam a importância do reforço da vacina, seja com a fórmula original ou com a atualizada, para restaurar a resposta imunológica do organismo e evitar casos graves e óbitos decorrentes da Covid-19.
É possível criar uma vacina que funcione?
O professor Michael Worobey, da Universidade do Arizona, também nos Estados Unidos, é especialista em vírus e conta que provavelmente as novas fórmulas são muito semelhantes às originais para criar uma nova resposta imunológica.
A ideia das vacinas é usar uma parte do vírus para ensinar o organismo a reconhecer o invasor e criar um pequeno exército de células de defesa para evitar que a infecção se multiplique.
As vacinas da Pfizer e Moderna usam o vírus de Wuhan além das variantes novas, e, por isso, não ensinariam novas células imunológicas a lidar com a infecção.
“Para mim, o que aprendemos é que, se você quer aumentar a proteção contra a Ômicron, é preciso deixar a variante original fora da vacina”, explica o especialista, em entrevista à CNN Internacional.
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Mesmo em países com alta taxa de imunização, o número de vacinados infectados pela Covid está crescendo. Apesar de o que possa parecer, isso não significa que os imunizantes não funcionamWestend61/ Getty Images
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Ao contrário do que muitos pensam, a vacina, na verdade, não impede a contaminação, mas diminui as chances de casos mais graves que possam levar à morte. Por isso é importante continuar tomando as doses indicadas e manter os cuidados para prevenir a infecçãoAndriy Onufriyenko/ Getty Images
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Em outras palavras, o principal objetivo da vacina não é barrar a infecção, mas impedir que o coronavírus cause complicações graves, principalmente se tratando de grupos mais vulneráveis, como crianças e idososMorsa Images/ Getty Images
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Vacinas como a da gripe, por exemplo, funcionam da mesma maneira há décadas. A proteção fornecida pelo imunizante atua contra formas mais severas da influenza e ajuda a diminuir a quantidade de casos que poderiam colapsar sistemas de saúdePramote Polyamate/ Getty Images
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Segundo especialistas, a necessidade de reforçar as doses da vacina existe porque a imunidade contra o vírus não dura para sempre. Além do fato de o coronavírus apresentar grande potencial de mutação, muitas vacinas, como a da Covid, precisam ser reaplicadas de tempo em tempo para garantir a proteção necessáriaMorsa Images/ Getty Images
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A variante Ômicron é mais transmissível e consegue “desviar” da imunidade cedida pela vacina. Sendo assim, mesmo que estejamos com todas as doses em dia, a chance de contrair o vírus estando exposto a aglomerações, sem seguir as devidas normas sanitárias, existeMorsa Images/ Getty Images
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O atual aumento nos diagnósticos positivos podem ser explicados por aglomerações causadas nas festas de fim de ano, aniversários, feriados prolongados, etc.Flashpop/ Getty Images
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No entanto, é clara a desaceleração das mortes em todo o mundo, o que reforça a importância da vacinação, principalmente em um cenário de circulação da ÔmicronFG Trade/ Getty Images
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Autorização nos Estados Unidos
O Food and Drug Administration, órgão equivalente à Anvisa nos Estados Unidos, autorizou, em agosto, a comercialização e aplicação das vacinas atualizadas da Pfizer e Moderna em uso emergencial.
A decisão foi tomada com base em estudos com camundongos e testes humanos feitos com cepas anteriores — os estudos clínicos específicos para a BA.4 e BA.5 ainda não foram finalizados. O órgão considerou a importância do reforço para evitar um novo surto durante o inverno no hemisfério Norte para autorizar as vacinas antes mesmo dos resultados oficiais.
No Brasil, a Pfizer pediu autorização para aplicação da fórmula atualizada como reforço, mas a Anvisa ainda não emitiu o parecer final.
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