Novos cálculos sugerem que, se as recentes evidências de evolução da energia escura forem confirmadas, o Universo poderá colapsar sob sua própria gravidade em um prazo finito. Segundo um modelo baseado em dados recentes, o Universo teria uma vida útil de 33,3 bilhões de anos. Como já se passaram 13,8 bilhões desde o Big Bang, restariam menos de 20 bilhões de anos antes de um possível colapso.
De acordo com os cientistas, durante os próximos 11 bilhões de anos, o Universo continuaria se expandindo, até atingir um ponto máximo e iniciar uma contração rumo ao chamado Big Crunch. Essa hipótese é defendida por Hoang Nhan Luu, Yu-Cheng Qiu e Henry Tye, que apontam para uma mudança na interpretação da constante cosmológica λ (do grego, lambda), sugerindo que ela pode ser negativa — o que implicaria em uma força gravitacional que eventualmente supera a expansão.
A constante cosmológica λ, introduzida por Einstein, representa a força que impulsiona ou freia a expansão do Universo. Um valor positivo indica uma força de repulsão, enquanto um valor negativo age como uma atração constante. Os novos dados indicam que λ pode ser pequeno e negativo, o que mudaria radicalmente o destino cósmico, favorecendo uma contração futura.
Para explicar a expansão atual, os pesquisadores propõem a presença de áxions ultraleves — partículas hipotéticas que funcionariam como um campo suave e difuso, atuando como energia escura. Esse campo teria dado um impulso inicial à expansão do Universo, mas sua influência estaria diminuindo gradualmente com o tempo.
Atualmente, o Universo ainda se expande de forma acelerada, graças à ação dos áxions. No entanto, em cerca de 11 bilhões de anos, esse impulso enfraqueceria o suficiente para que a atração gravitacional de λ negativo dominasse, interrompendo a expansão e iniciando uma contração que culminaria em um Big Crunch após mais 8 bilhões de anos.
Esse processo é comparado a uma subida de bicicleta com vento a favor: o impulso inicial facilita a ascensão, mas ao perder força, a bicicleta para no topo e começa a descer rapidamente. A fase de contração seria mais curta e intensa, com a energia cinética dos áxions e o aumento da densidade acelerando o colapso.
Embora o cenário seja intrigante, os autores alertam que ainda não se trata de uma previsão definitiva. A natureza da energia escura permanece desconhecida, e os áxions são apenas uma das possíveis explicações. Mesmo assim, o novo estudo oferece cálculos recentes e uma resposta potencial à pergunta sobre o fim do Universo — uma questão tão fundamental quanto seu início.
Fonte: sputniknewsbrasil