Estudo sobre varetas de contagem antigas desafia versão tradicional sobre a origem do dinheiro


Por muito tempo, livros e cursos de economia ensinaram que o dinheiro surgiu para resolver as ineficiências da troca direta de bens, o chamado escambo. Mas o estudo conduzido pelo antropólogo Robert M. Rosenswig, da Universidade de Albany, revela outra realidade.

“O registro histórico mostra que o escambo não precede a criação do dinheiro. As varetas de contagem nos lembram que o dinheiro não é uma mercadoria escassa, mas sim um sistema de contabilidade enraizado na autoridade política“, disse o estudioso.

A pesquisa analisou varetas de contagem usadas em diferentes civilizações que não tinham contato entre si. Na Inglaterra medieval, elas serviam para registrar impostos e chegaram a circular como instrumentos de dívida. Na China, bambus talhados registravam grãos, seda e moedas desde o século III a.C. Já entre os maias, peças de osso do período 600–900 d.C. eram associadas a tributos em milho, tecidos ou trabalho.

“Esses exemplos são poderosos porque vêm de sociedades sem ligação entre si, mas todas desenvolveram ferramentas semelhantes para mobilizar recursos por meio da autoridade estatal“, destacou o pesquisador.

Estudante descobre pedra esculpida de 1.500 anos que pode revelar rosto dos Pictos na Escócia - Sputnik Brasil, 1920, 19.09.2025

O estudo reforça a chamada teoria chartalista, segundo a qual o dinheiro tem origem política e nasce como unidade de conta para viabilizar impostos e obrigações. Essa visão contrasta com a abordagem ortodoxa da economia, que trata o dinheiro apenas como um meio neutro de troca.
“Governos fiscalmente soberanos gastam primeiro e depois taxam para regular a inflação e a demanda”, afirmou Rosenswig, criticando a ideia de que o Estado deva se limitar a “viver dentro de seus meios”, como uma família.
Na prática, a pesquisa sugere que os governos têm mais liberdade para investir em programas sociais e infraestrutura do que supõe a lógica de austeridade.

“Uma vez que deixamos de lado a noção ortodoxa de que o dinheiro é apenas meio de troca, os governos ficam livres para apoiar trabalhadores e famílias durante crises de nossa economia capitalista moderna”, acrescentou.

Para Rosenswig, a lição principal é que compreender o passado pode transformar debates atuais. Ele acha que estudar o passado nos lembra que o dinheiro não é atemporal ou universal em sua forma, sendo uma ferramenta política, e como escolhemos usá-lo hoje é uma questão de política, não de lei natural.
Logo da emissora Sputnik - Sputnik Brasil
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Fonte: sputniknewsbrasil

Anteriores Polícia de Pernambuco conclui inquérito de filha que mandou matar o pai e revela detalhe bizarro
Próxima Assessor presidencial russo não descarta que ataque ao Nord Stream tenha sido realizado pela OTAN