Segundo o estudo publicado na revista Frontiers in Medicine, a múmia encontrada na cripta da igreja de St. Thomas am Blasenstein, na Áustria, foi identificada como sendo de um vigário paroquial local que morreu há cerca de 300 anos, revelando um método de embalsamamento único e indocumentado que utilizou galhos, lascas de madeira e cloreto de zinco, resultando em mínima deterioração do corpo.
Os pesquisadores utilizaram tomografia computadorizada e realizaram uma autópsia limitada, além da datação por radiocarbono para confirmar a identidade da múmia e entender sua preservação excepcional.
CC BY 4.0 / 2025 Nerlich et al. / External appearance of the mummy (cropped photo)Aspecto externo da múmia, do lado ventral (A) e dorsal (B), mostrando a parede corporal completamente intacta
Aspecto externo da múmia, do lado ventral (A) e dorsal (B), mostrando a parede corporal completamente intacta
CC BY 4.0 / 2025 Nerlich et al. / External appearance of the mummy (cropped photo)
O método de preservação, que envolvia a inserção dos materiais pelo canal retal, pode ter sido usado para prevenir a propagação de doenças por miasma. O estado intacto do cadáver poderia ter alimentado crenças milagrosas entre a população local.
O principal autor do estudo, dr. Andreas Nerlich, explicou que embora a mumificação seja uma prática global, a descoberta revela uma abordagem diferente cujo resultado foi obtido pelo enchimento do abdômen com lascas de madeira, galhos e tecido, além da adição de cloreto de zinco para secagem interna.
CC BY 4.0 / 2025 Nerlich et al. / “Afterlife” of an unusual human mummy from eighteenth century Austria (cropped photo)(A) A remoção de partes do material estranho da parede abdominal dorsal revelou uma mistura de tecido branco fragmentado, pequenas lascas de madeira e material vegetal, juntamente com alguns resíduos de tecido amorfo amarronzado. (B) A esfera estranha redonda detectada na pelve esquerda tinha um pequeno orifício com uma borda elevada
(A) A remoção de partes do material estranho da parede abdominal dorsal revelou uma mistura de tecido branco fragmentado, pequenas lascas de madeira e material vegetal, juntamente com alguns resíduos de tecido amorfo amarronzado. (B) A esfera estranha redonda detectada na pelve esquerda tinha um pequeno orifício com uma borda elevada
CC BY 4.0 / 2025 Nerlich et al. / “Afterlife” of an unusual human mummy from eighteenth century Austria (cropped photo)
Análises extensivas mostraram que a parte superior do corpo da múmia estava intacta, enquanto as extremidades inferiores e a cabeça apresentavam deterioração significativa. Dentro das cavidades abdominal e pélvica, foram encontrados materiais como lascas de madeira, galhos e tecidos, todos disponíveis na região na época.
Para os pesquisadores, a combinação de materiais foi crucial para a preservação da múmia. As lascas de madeira, galhos e tecido seco absorveram grande parte dos fluidos dentro da cavidade abdominal, enquanto o cloreto de zinco ajudou na secagem.
Este método contrasta com práticas de embalsamamento mais conhecidas, que envolvem abertura cirúrgica do corpo. O dr. Nerlich sugere que a técnica de inserção retal pode ter sido mais comum do que se imaginava, mas passando despercebida.
Uma pequena esfera de vidro, possivelmente uma conta de rosário, foi encontrada dentro da múmia, sugerindo que pode ter se perdido durante a preparação.
Fonte: sputniknewsbrasil