O hábito de ingerir bebidas alcoólicas diariamente pode diminuir a chances de apresentar demências em quase 40%, sugerem pesquisadores australianos em trabalho publicado na última quinta-feira (22/9), na revista Addiction. Os autores fizeram uma revisão de 15 estudos com informações sobre o consumo de álcool e as taxas de demência de um grupo equivalente a 24 mil indivíduos.
Os participantes – de seis continentes diferentes – haviam preenchido questionários informando sobre o consumo diário de álcool. Nenhum deles apresentava demência no momento inicial dos estudos e os registros permitiram que as condições de saúde deles fossem observadas por cerca de 40 anos.
Os estudiosos dividiram as informações dos voluntários em cinco grupos de acordo com o consumo diário deles de álcool: abstêmio, ocasional (que ingeriam menos de 1,3 g), leve a moderado (1,3 g até 25 g), moderado a pesado (25 g a 45 g), e pesado (mais de 45 g diárias). Em média, 470 ml de cerveja (dois copos americanos e meio) contém cerca de 16 gramas de etanol. Em comparação, uma taça de vinho contém aproximadamente 18 g da substância.
“Beber até 40 g diariamente se mostrou benéfico à diminuição do risco de demência comparado a uma vida abstêmia”, indicou a pesquisadora Louise Mewton, uma das responsáveis pelo trabalho. “Os resultados são consistentes com estudos prévios sobre o assunto, que também apontaram como tanto o consumo excessivo quanto a falta de álcool parecem estar associados ao maior risco de demência”, acrescentou.
Risco amenizado
Os grupos de consumo leve a moderado e moderado a pesado foram os que menos apresentaram doenças como o Alzheimer, em comparação aos abstêmios. Indivíduos com consumo leve a moderado apresentaram 22% menos chance de desenvolver a condição do que quem não bebia, e de moderado a pesado, 38%. Os indivíduos com consumo alto também mostraram vantagem, reduzindo as chances em 19%.

Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomasPM Images/ Getty Images

Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista Andrew Brookes/ Getty Images

Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoceWestend61/ Getty Images

Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do anourbazon/ Getty Images

Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doençaOsakaWayne Studios/ Getty Images

Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comunsKobus Louw/ Getty Images

Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doençaRossella De Berti/ Getty Images

O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vidaTowfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty Images
0
Placas de gordura
De acordo com os cientistas, a hipótese é de que a ingestão moderada do álcool reduz a formação de placas de gordura no cérebro. A condição está relacionada como uma das possíveis causas para o surgimento de demências. Outra suposição dos pesquisadores é de que o etanol, em baixa quantidade, ajuda a melhorar o bom colesterol.
Apesar de os cientistas terem identificado uma menor taxa de demência em indivíduos que ingeriam álcool diariamente, eles apontam que mais estudos devem ser realizados para comprovar a relação da substância com o desempenho cognitivo.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.