A empresa ferroviária Norfolk Southern concordou em pagar um acordo de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3,2 bilhões) em abril de 2024, para resolver uma ação coletiva para reclamações dentro de um “raio de 20 milhas [aproximadamente 32 quilômetros] do descarrilamento”, bem como reclamações de danos pessoais dentro de um “raio de 16 quilômetros do descarrilamento”, disse a ABC News em abril.
Em fevereiro de 2023, um trem de carga da Norfolk Southern, transportando materiais perigosos descarrilou na cidade de East Palestine entre os estados norte-americanos da Pensilvânia e Ohio. E de acordo com um novo estudo, o derramamento tóxico desse descarrilamento e subsequente incêndio resultou em emissões de “grandes quantidades” que poluíram pelo menos 16 estados nos EUA.
Em um estudo publicado na quarta-feira na Environmental Research Letters, os pesquisadores descobriram que os produtos químicos tóxicos do acidente inundaram áreas da Carolina do Sul a Wisconsin e à Nova Inglaterra. A poluição se espalhou por mais de 869 mil quilômetros quadrados de terra, o que representa 14% da área terrestre dos EUA.
“Não esperava ver um impacto tão grande”, disse David Gay, principal autor do estudo. “Há mais coisas acontecendo aqui do que a maioria das pessoas poderia imaginar, inclusive eu”, afirmou.
Como os vagões-tanque transportavam 115.580 galões de gás inflamável, as autoridades decidiram autorizar a liberação controlada e a queima dos produtos químicos devido ao medo de que ocorresse uma explosão. Mas não só o descarrilamento em East Palestine expeliu produtos químicos tóxicos para o ar, solo, riachos e lagos, como os pesquisadores estimam que 110 milhões de norte-americanos foram afetados pela poluição.
Onze dos vagões-tanque descarrilados transportavam materiais perigosos, cinco dos quais continham cloreto de vinila. Vários outros vagões continham acrilato de etila e isobutileno, que são considerados possivelmente cancerígenos e também tóxicos, informou a ABC News, citando os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês).
Em seu estudo, os pesquisadores analisaram amostras de chuva e neve na semana do descarrilamento e também na semana seguinte. As amostras foram coletadas em 260 locais dos estados vizinhos ao acidente. Muitas das amostras mostraram fuligem, cinzas e sujeira e os pesquisadores encontraram “níveis excepcionalmente elevados” de cloreto até Virgínia, Carolina do Sul e Wisconsin.
“Não é morte e destruição. São concentrações bastante baixas, mas são muito altas em relação ao normal que normalmente vemos — algumas das mais altas que medimos nos últimos dez anos”, disse Gay.
O estudo também revelou um fenômeno inesperado. Segundo Gay, a chuva sem poluentes é levemente ácida e carrega consigo uma quantidade razoável de íons de hidrogênio. Mas as amostras recolhidas mostraram menos íons de hidrogênio do que o normal — os metais que foram omitidos durante o incêndio de alguma forma consumiram grande parte dos íons de hidrogênio da chuva, explica ele.
Erin Haynes, presidente do Departamento de Epidemiologia e Saúde Ambiental da Universidade de Kentucky, entrevistou cerca de 400 adultos após o descarrilamento do trem. Ela descobriu que três em cada quatro residentes sofreram algum impacto na saúde após o descarrilamento, incluindo sintomas como: irritação no nariz e nos olhos, tosse, náusea, vômito, diarreia, erupções cutâneas e sensação de fraqueza ou cansaço. Uma residente próxima ao local do descarrilamento disse que tinha dor e sangramento nos ouvidos, além de queda de cabelo.
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Fonte: sputniknewsbrasil