Vilardi enfatizou que a base da acusação contra Bolsonaro se originou de uma delação e de uma minuta encontrada no celular de um colaborador da Justiça.
O jurista frisou que a acusação, que envolve um processo complexo com múltiplos núcleos, carece de provas concretas. “Não há uma única prova que atrela o presidente ao Punhal Verde e Amarelo e à Operação Luneta e ao 8 de Janeiro“, afirmou, questionando a validade das evidências apresentadas. Segundo o advogado, nem mesmo o delator teria indicado a participação direta de Bolsonaro nos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, como parte de um suposto golpe.
Segundo ele, não há provas consistentes que comprovem envolvimento do ex-presidente no plano golpista. Na abertura de sua fala, ele disse que “estamos diante de um julgamento histórico”. Em seguida, bradou que as provas são infundadas e inexistentes.
Ele diz que o julgamento acontece “com base em uma delação e uma minuta encontrada em celular de quem hoje é ajudado pela justiça. O que aconteceu com a investigação da PF é na verdade uma sucessão inacreditável de fatos. Porque, na verdade, foi achada uma minuta do Punhal Verde e Amarelo, minuta da planilha da Operação Luneta e, como todos nós sabemos, o trágico episódio do 8 de Janeiro”, avaliou.
“Vou comprovar que a denúncia proposta sobre o crime do contraditório, o MP sequer fez prova. Não há prova, vou tratar disso. Tratar também de um processo histórico e tão difícil para a defesa”, disse Vilardi.
Além disso, o advogado criticou a utilização de uma delação “com omissões e contradições” do ex-ajudante de Ordens Mauro Cid, apontando que as falhas na colaboração deveriam invalidar a sua utilização. Vilardi argumentou que a manipulação das provas e a tentativa de reduzir a pena do colaborador, apesar das inconsistências, não condizem com a legislação.
O advogado também tocou em pontos procedimentais do julgamento, criticando o que chamou de cerceamento de defesa. Segundo ele, a defesa não teve acesso integral às provas antes do início da instrução, o que, para ele, comprometeu a imparcialidade do processo. “Eu não conheço a íntegra desse processo. O conjunto da prova, eu não conheço“, declarou, referindo-se ao volume de documentos apreendidos e ao tempo reduzido para análise.
A Primeira Turma do STF iniciou nesta semana o julgamento da ação penal contra Jair Bolsonaro e outros sete acusados pela tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro responde por cinco crimes, cujas penas podem somar até 43 anos de prisão.
Na segunda-feira (1º), as lideranças do Partido Liberal (PL) adiantaram à Sputnik que Bolsonaro não compareceria ao julgamento desta semana. Segundo aliados do ex-presidente, sua ausência se deve a razões médicas.
Fonte: sputniknewsbrasil