O especialista russo em assuntos do Oriente Médio e da região do Cáucaso Stanislav Tarasov aponta depois do ataque iraniano a bases separatistas na província paquistanesa do Baluchistão, em 16 de janeiro, houve um encontro dos representantes do Irã e do Paquistão se encontraram no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Segundo o analista, havia relatos de que um “acordo tácito” tivesse sido estabelecido, uma vez que o golpe iraniano contra os separatistas balúchis poderia também beneficiar o Paquistão.
Embora o ambiente parecesse propício à resolução das tensões, os novos ataques da madrugada do dia 17 para o 18 provaram o contrário. O especialista russo acredita que os ataques perpetrados pelo Paquistão não estavam previstos no acordo que mantém com Teerã de combate ao terrorismo.
“O ataque do Paquistão a algumas posições no território iraniano é um sinal muito alarmante de que não concordaram em tudo e pode haver um conflito regional envolvendo o Afeganistão [que também divide fronteira com o Irã e o Paquistão e onde rebeldes balúchis também se escondem]”, alertou Tarasov.
No entanto, o analista descarou o perigo das nações utilizarem armas nucleares “pois existem certos acordos” entre os dois Estados.
Na sua opinião, as atuais tensões entre eles devem-se à pressão exercida pelos EUA sobre o Paquistão. Este último tem interesse em exacerbar o conflito, a fim de criar um foco de tensão para Teerã e “restringir a sua capacidade de manobra em relação a Israel”. Ele também não descartou um possível papel do Reino Unido na situação.
“Suspeita-se até que compartilham segredos nucleares e que o Irã poderá responder. Estas são especulações, hipóteses. Mas o aparecimento de outro foco de tensão é um sintoma muito perigoso”, concluiu Tarasov.
Países ‘seguem exemplo’ dos EUA
Por sua vez, a especialista russa em Oriente Médio e Ásia Central, Elena Suponina, afirmou à Sputnik que a região do Oriente Médio se encontra em um momento turbulento, razão pela qual é impossível garantir que novos ataques não aconteçam no futuro.
Nesse sentido, ela culpou os Estados Unidos, que “têm uma longa história de ataque a vários alvos em diferentes países quando vê uma ameaça à sua segurança”, pela proliferação de táticas de uso da força militar em uma situação de escalada.
“Agora outros estão seguindo o exemplo deles. Mas nem Teerã, nem Islamabad querem levar a situação a uma troca periódica de golpes, pois isso poderia facilmente levar a um confronto regional”, afirma a especialista.
Suponina ainda garantiu que as autoridades desses países não querem agravar ainda mais as tensões e que “não há vontade política para levar a situação a uma catástrofe”. No entanto, ela reconheceu o grande papel do acaso na situação, o que torna impossível garantir qualquer resultado.
Em 16 de janeiro, as forças iranianas lançaram ataques em solo paquistanês pela primeira vez com mísseis balísticos e drones. O governo paquistanês condenou imediatamente o ataque, chamando-o de “uma violação não provocada do seu espaço aéreo pelo Irã”.
Na manhã de 18 de janeiro, foi a vez do Paquistão assumir a autoria de uma série de ataques contra alvos terroristas em solo iraniano. O governo do Irã respondeu classificando o ataque como “inaceitável” e “desproporcional”.
Fonte: sputniknewsbrasil