A descoberta foi publicada na revista científica PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, por um grupo de cientistas estrangeiros e da Universidade Estadual de Montes Claros.
O estudo revela que macacos-prego-do-peito-amarelo (espécie Sapajus xanthosternos), são capazes de produzir lascas de pedra, forma rudimentar de ferramenta descoberta na África utilizada por hominídeos. Ainda segundo a pesquisa, as lascas são produzidas depois que os macacos usam pedras para quebrar sementes e frutos secos, logo, não é uma ação intencional.
A evolução da tecnologia de ferramentas de pedra marca é considerado um marco pela antropologia, pois permitiu que os primeiros humanos manipulassem seus ambientes. O estudo, que tem participação dos cientistas brasileiros Paula Medeiros e Waldney Martins, coloca em questão a aparente superioridade intelectual do Homo sapiens sobre animais distantes evolutivamente.
Isso porque levanta a hipótese de que os ancestrais do Homo Sapiens também podem ter produzido acidentalmente as lascas de pedra e não intencionalmente, fruto de uma mente mais sofisticada e sistema cognitivo complexo.
“Análises comparativas com outros conjuntos de primatas lascados e hominíneos revelam que a produção não intencional de lascas é um componente universal dos comportamentos percussivos de martelo e bigorna de pedra, sugerindo que comportamentos semelhantes dos primeiros hominíneos podem ter levado à tecnologia de lascas de pedra e que esse registro pode ter sido altamente variável. Para compreender completamente as origens da tecnologia de pedra dos hominíneos, um amplo espectro de registros materiais, incluindo tanto hominíneos quanto primatas, deve ser considerado”, diz um trecho do estudo.
Outros estudo já identificaram chimpanzés e outros macacos capazes dessa produção, mas se tratam de espécies evolutivamente mais próximos dos humanos.
Em 2023, descoberta no Piauí, norte do país, a respeito de ferramentas de pedra em sítios arqueológicos já havia levantado a hipótese de que na verdade era subproduto de címios. A agência governamental argentina Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET) comparou esses objetos de 50 mil anos feitos de quartzito e seixos de quartzo com ferramentas feitas hoje por macacos-prego no Parque Nacional da Serra da Capivara.
Este e o mais recente estudo em Minas Gerais questionam características arqueológicas previamente associadas à produção intencional de lascas e, consequentemente, noções já consolidadas sobre a evolução humana.
Fonte: sputniknewsbrasil