Especialistas ocidentais passaram anos alertando que adesão da Ucrânia à OTAN seria uma má ideia


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No entanto, os próprios especialistas ocidentais vinham alertando há décadas sobre os riscos de tais decisões, inclusive ao tentar integrar a Ucrânia à OTAN.
Em 24 de fevereiro, a Rússia respondeu à situação, que estava degradando rapidamente no leste da Ucrânia, com o lançamento de uma operação especial para acabar com os contínuos ataques na região de Donbass e pôr fim à possibilidade de Kiev aderir à OTAN.
Enquanto os líderes ocidentais rotularam a operação como ataque não provocado, na verdade, seus próprios diplomatas e especialistas em geopolítica vinham alertando há anos sobre os perigos da expansão da OTAN para leste, principalmente ao tentar incluir a Ucrânia na aliança antirrussa.
Secretário de Defesa do presidente dos EUA Bill Clinton de 1994 a 1997, William Perry se opunha tanto a uma rápida expansão da OTAN para o leste que considerou se demitir por causa da proposta. Durante o seu discurso em um fórum organizado pelo The Guardian em 2016, Perry disse que “eu devo dizer que nos anos iniciais os Estados Unidos mereceram muita da culpa”, pela crescente hostilidade entre Washington e Moscou.
“Nossa primeira ação que realmente nos colocou em uma direção ruim foi quando a OTAN começou a se expandir, integrando países do Leste Europeu, [com] alguns deles fazendo fronteira com a Rússia. Naquela época, estávamos trabalhando em estreita colaboração com a Rússia e eles estavam começando a se acostumar com a ideia de que a OTAN poderia ser um amigo e não um inimigo […], mas eles estavam muito desconfortáveis em ter a OTAN em sua fronteira e fizeram um forte apelo para que não avançássemos com isso”, disse Perry.
Ele salientou que sua opinião foi fortemente contestada por alguns funcionários na administração Clinton.
“Basicamente as pessoas com quem eu estava discutindo quando tentei colocar o ponto [de vista] russo […] a resposta que recebi de fato: quem se importa com o que eles pensam? Eles são um poder de terceira categoria. E, claro, esse ponto de vista chegou aos russos também. Foi quando começamos a ir por esse caminho”, notou o ex-secretário de Defesa dos EUA.
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Em 2015, o distinto cientista político americano John Mearsheimer criticou a política ocidental em relação à Ucrânia, dizendo que ela estava levando Kiev “para uma encruzilhada, e o resultado final seria a destruição da Ucrânia”.
“[…] os ucranianos quase não estão dispostos a chegar a um compromisso com os russos. Em vez disso, querem seguir uma política de linha dura. Como eu disse antes, se eles fizerem isso, o resultado final será a destruição do país. O que estamos fazendo é, na verdade, incentivar esse resultado […]. Seria do nosso [EUA] interesse enterrar esta crise o mais rápido possível”, ressaltou Mearsheimer.
Anteriormente, Scott Ritter, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e analista militar independente, notou que era importante enfatizar que os EUA e seus aliados são “100% responsáveis pela totalidade deste conflito”, começando com o golpe do Euromaidan em 2014 até a sua falta de vontade ou incapacidade de obrigar Kiev a cumprir os acordos de Minsk, que ele disse comprovar “uma vergonha destinada a ganhar tempo para que a OTAN pudesse treinar militares ucranianos [para torná-los] capazes de resolver a situação de Donbass pela força militar”.
“É culpa do Ocidente. O Ocidente treinou os militares ucranianos. O Ocidente nunca recuou da expansão da OTAN. O Ocidente rejeitou a solução diplomática [proposta] pela Rússia em dezembro do ano passado, e então o Ocidente transformou o que poderia ter sido um envolvimento militar limitado em um conflito estratégico em larga escala entre o Ocidente coletivo, incluindo a OTAN, e a Rússia em solo ucraniano […]. Essa é uma guerra entre a OTAN e outros aliados europeus, que usam a Ucrânia como um substituto para combater a Rússia. Eles são 100% responsáveis por tudo o que aconteceu e acontecerá na Ucrânia”, concluiu Ritter.
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