Na quarta-feira (8) Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, declarou que vê cada vez mais sinais de um possível conflito ao estilo ucraniano, acusando a China de militarização e aproximação da Rússia.
Ele disse em uma coletiva de imprensa conjunta com Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, que Pequim está observando atentamente a situação e extraindo lições para o futuro.
“O que acontece hoje na Europa pode acontecer amanhã na Ásia”, disse Stoltenberg.
“Por um lado, a OTAN continua exigindo dos Estados-membros mais gastos militares e aumento do poderio militar, e por outro lado faz comentários irresponsáveis sobre a China. Este é um exemplo típico de padrões duplos. A China segue o caminho do desenvolvimento pacífico e é o país com o melhor histórico em questões de paz e segurança”, respondeu Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em comentários à Sputnik.
“Nunca invadimos nenhum país e nunca tivemos guerras indiretas, não lutamos ao mesmo tempo em todo o mundo e não ameaçamos outros países pela força. O que a OTAN deve fazer é abandonar sua mentalidade de Guerra Fria e seus preconceitos ideológicos, e refletir seriamente sobre o papel que tem desempenhado para a estabilidade da Europa e do mundo, em vez de alimentar conflitos em toda parte e exagerar a ameaça chinesa”, apontou ela.
Gong Hongle, professor associado do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Nanjing, China, em entrevista à Sputnik, descreve a OTAN como sendo utilizada pelos EUA como uma ferramenta estratégica, repetindo completamente a retórica americana, que incluem a guerra contra o terrorismo ou o envio de tropas para o Afeganistão.
Por causa disso, opina, é pouco surpreendente que quando a China se tornou “inconveniente” para os EUA na Ásia-Pacífico, Washington tentou imediatamente a dissuadir na forma da OTAN. Tais ferramentas incluiriam mais visitas de políticos ocidentais a países da região, a formação de novas alianças, intensificação de exercícios militares, e Washington aumentando seu intervencionismo em relação a Taiwan.
Stoltenberg acrescentou que os aliados da OTAN têm “preocupações reais” com o que está acontecendo na região asiática, e que elas foram discutidas na reunião em Washington, EUA. Ele afirmou que a China estava aumentando significativamente irresponsavelmente suas forças militares, incluindo as nucleares, e estava supostamente tentando ganhar o controle do mar do Sul da China, ameaçando Taiwan.
A China, segundo Jens Stoltenberg, está procurando assumir o controle de quase todas as infraestruturas críticas, inclusive nos países da OTAN, e aprofundar sua parceria estratégica com Moscou.
Para Gong, tais analogias confirmam o papel da organização como um fator de desestabilização crítico.
“Acho que a desescalada dos conflitos pode depender em grande parte da OTAN, porque a posição atual da China sobre questões de conflito é muito clara. Por exemplo, em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, a China sempre assumiu uma posição justa e objetiva, e tem apelado repetidamente a todas as partes para buscar uma solução razoável para os problemas por meios pacíficos”, frisou.
Apesar disso, indica o analista chinês, os EUA e a OTAN querem que a China corte completamente os laços com a Rússia, ao mesmo tempo que Washington reforça Taiwan, sobre o qual a China já referiu seu posicionamento e linhas vermelhas. O objetivo da retórica, continua, é a OTAN expandir sua influência sob o pretexto de uma política de dissuasão através da construção de um sistema de alianças antichinesas semelhante ao que existe junto da Rússia, sendo a Aliança Atlântica usada também pelos EUA para os seus fins.
Para isso, Stoltenberg visitou Tóquio com Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, o que levou a um aprofundamento da cooperação, motivada pela suposta ameaça de escalada nuclear por parte da Coreia do Norte e o fortalecimento dos laços entre a Rússia e a China. O secretário-geral da OTAN pretende igualmente convidar o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália e a Nova Zelândia para a cúpula da OTAN em Vilnius, Lituânia, de 11 a 12 de julho.
Igor Kostyukov, chefe da Direção Principal de Informações (GRU) do Estado-Maior da Rússia, anunciou em 2021, na Conferência de Moscou sobre Segurança Internacional, que estava sendo formada uma coalizão semelhante à OTAN na Ásia-Pacífico para combater Moscou e Pequim. Ele destacou que Washington procura atrair Vietnã, Indonésia, Nova Zelândia, Cingapura, Filipinas, Tailândia e vários outros Estados do Sudeste da Ásia como possíveis parceiros.
Na última semana, por exemplo, as Filipinas elevaram o acesso dos EUA às bases militares, como parte de um acordo de cooperação de defesa.
Mao Ning disse então que Washington, perseguindo uma mentalidade de Guerra Fria, continua construindo sua presença militar na região da Ásia-Pacífico para o interesse próprio, o que, na sua opinião, levam a uma escalada de tensões e ameaçam a paz e a estabilidade na região.
Fonte: sputniknewsbrasil