“Veja que desde aí a gente já via claramente um uso político de uma situação séria de saúde pública em um nível internacional e com um claro viés de estigmatização da população”, diz o especialista.
“Isso é muito grave. É espantoso que os EUA se prestem a esse tipo de expediente. Porque a gente começa a questionar qual seria a credibilidade dos EUA para defender hoje uma campanha internacional de combate à desinformação.”
“O ponto é: onde essa acusação é real? Ela é uma fake news ou é baseada em sinais ainda muito inconsistentes para prejudicar a imagem da China, aliado a um conjunto de medidas sancionatórias contra a China a pretexto de punir essa suposta espionagem? Tudo isso fica em contexto de um cenário de acusações que também tem o objetivo de difamar a China.”
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“Desde os anos 80, sanções começaram quando o Zimbábue fez a reforma agrária e, para isso, expropriou as terras dos colonizadores brancos. E isso foi o estopim para o início de uma série de sanções dos EUA, que evidentemente há décadas devastaram a economia do Zimbábue.”
“A China instalou uma fábrica de US$ 300 milhões [R$ 1,6 bilhão] e está processando o lítio no Zimbábue. A mesma coisa está acontecendo na siderurgia. Investimentos chineses também de mais de US$ 1 bilhão [R$ 5,4 bilhões] estão construindo uma megassiderúrgica no Zimbábue que vai ser um hub para a exportação para os outros países”, afirma Fernandes.
“Agora, é curioso porque ninguém nos EUA reclama que a gente viaja o mundo inteiro de avião com aviões da Boeing. Ninguém acusa a Boeing de excesso de capacidade. Ninguém acusa a Airbus franco-alemã. Agora, quando os chineses em determinado setor, que é estratégico hoje para a transição energética, para a descarbonização, conseguem chegar a um nível de tecnologia e de preço competitivo, evidentemente que eles estão ‘trapaceando'”, ironiza o especialista.

Fonte: sputniknewsbrasil