“Eles querem otimizar a utilização desse ativo. É uma medida arrojada, que pode contribuir bastante para este momento de recuperação. Até porque acho que essa transferência ficou em torno de 10% da reserva total em ouro. Então, um montante que não prejudicaria a reserva como um todo. Estando no Banco Central, guardado fisicamente, não tem muita serventia”, opinou o professor do Ibmec.
“Acho que é uma medida desesperada, e uma medida até certo ponto atrapalhada, principalmente pela forma como as coisas foram feitas, porque ao fazer essa operação de transferência do ouro meio na surdina […], na calada da noite, digamos assim, já dá uma aparência suspeita, fica parecendo que o governo está querendo fazer alguma falcatrua.”
“Mauricio Macri fez o maior empréstimo da história do Fundo Monetário Internacional [FMI] para a Argentina. O país ainda está pagando esse empréstimo. O endividamento externo do país então já é bastante elevado e, além disso, a situação econômica geral da Argentina torna o acesso a esse crédito internacional muito limitado e muito custoso, porque hoje os juros que se cobram para a Argentina são elevadíssimos e tornam quase proibitiva a busca por crédito nas praças internacionais.”
“Deixar o ouro que pertence a um Estado Nacional depositado em outro Estado Nacional é um risco. Sempre vai haver esse risco, que é um risco que vem principalmente de questões de caráter geopolítico, de caráter estratégico”, pontuou Oliveira. “Não por acaso, a Rússia há alguns anos repatriou o ouro que tinha fora do país. A Venezuela também fez esse movimento de repatriação”, destacou Oliveira.
“Diferente de imaginar que é uma medida desesperada, é uma medida complementar a várias outras ações positivas que estão sendo realizadas. Vejo como natural essa tentativa. E espero que, nesse cômputo, com todas as medidas aí, conjuntamente, ele consiga realmente ter mais crédito e mais folga no caixa.”
“A inflação caiu às custas do aumento do desemprego, queda dos níveis de renda, redução da atividade produtiva, redução do consumo. Graças a uma série de decisões que são, do ponto de vista social, extremamente custosas e penosas. Muita gente no país está sofrendo diariamente as consequências mais agressivas e brutais desse processo. Acho que seria importante explorar outros caminhos, outras possibilidades”, concluiu Oliveira.
Fonte: sputniknewsbrasil