Entenda polêmica de Gloria Perez e Bolsonaro, que é ídolo de Guilherme de Pádua


Entenda polêmica de Gloria Perez e Bolsonaro, que é ídolo de Guilherme de Pádua

A autora de novelas Gloria Perez causou polêmica nas redes sociais após curtir uma publicação no Twitter a favor de Jair Bolsonaro (PL) na última terça-feira, dia 27.


“Em 2018, votei nele porque era o mal menor. Desta vez, votarei nele não apenas como um antídoto ao PT, mas porque ele teve a coragem de defender nossa liberdade nestes quatro anos. Não apenas a liberdade de expressão, mas também de ir e vir, de trabalhar, de escolher meus remédios e vacinas”, diz o tuíte curtido pela dramaturga.

O assunto logo virou notícia. Vários internautas reagiram com desconforto e indignação à curtida de Perez. “Eu não consigo entender como a Gloria Perez, que sempre aborda causas sociais nas suas novelas, apoia um candidato como o Bolsonaro”, foi um dos posts no Twitter.

Questionada sobre o assunto, a novelista afirmou à Folha de S.Paulo que está se sentindo patrulhada. “Isso é declaração de voto? Ah, gente! É cada uma! Vivi minha juventude sufocada pela ditadura e esse patrulhamento está ficando igualzinho. Tô fora!”, disse ela.

“Esse povo quer assunto. Curti e vou curtir qualquer post que defenda a liberdade de expressão. Ponto. Nunca declarei voto. Nunca, em tempo nenhum. E vou continuar assim. É um princípio meu.”

A criadora de novelas consagradas como “O Clone” e “Caminho das Índias” acaba de estrear “Travessia”, com Chay Suede e Jade Picon no elenco. Perez é conhecida por abordar em seus textos temas que envolvem causas sociais, como o tráfico de mulheres, em “Salve Jorge”.

Agora, em “Travessia”, um dos assuntos discutidos será fake news, tema relacionado a Bolsonaro, que já foi acusado de propagar notícias falsas –inclusive sobre as vacinas contra a Covid-19.

O presidente, aliás, é apoiado por Guilherme de Pádua, ex-ator condenado pelo assassinato de Daniella Perez, filha da novelista. O crime, que fez o Brasil parar em 1992, virou tema de uma série documental lançada pela HBO Max neste ano.

No início da pandemia, em 2020, De Paula foi a uma manifestação pró-Bolsonaro em Brasília. “Esses políticos corruptos, esses esquemas de tetas públicas em que o pessoal fica só explorando o povo brasileiro, e o dinheiro e as melhorias não chegam na mão do povo, não chegam na vida do povo. Se Deus quiser, o Brasil vai mudar”, disse ele, na época.

Em agosto, Michelle Bolsonaro, a primeira-dama, tirou uma foto com Juliana Lacerda, mulher de Pádua. Depois disso, o presidente foi ir ao Twitter negar que teria almoçado com o casal num evento em Belo Horizonte. Na época, ele criticou a imprensa e disse que teria respeito à novelista.

“Em respeito a Gloria Perez, não alimentarei essa exploração leviana em cima de sua perda irreparável. As ilações com base em informações falsas divulgadas por parte da mídia só expõem sua falta de escrúpulos e o desprezo pela dor das pessoas, tratando-as como meras ferramentas”, disse no Twitter.

“A própria pessoa envolvida nesse crime cruel e covarde nega ter estado presente no evento. Minha história de luta por leis mais duras para assassinos covardes, estupradores e demais crimes violentos fala por mim e mostra de que lado sempre estive”, completou Bolsonaro, se referindo a Guilherme de Pádua.

A própria Gloria Perez lutou por um endurecimento da legislação penal. A roteirista, na época do assassinato de sua filha, ficou indignada que as leis brasileiras permitiam a pessoas condenadas por homicídio qualificado os mesmos benefícios de progressão de regime que aquelas que foram condenadas por outros tipos de delito.

Ela juntou mais de 1,3 milhão de assinaturas em prol da inclusão do homicídio qualificado na Lei dos Crimes Hediondos e, acompanhada de uma comitiva de astros da Globo, as entregou pessoalmente no Congresso Nacional, que aprovou o projeto.

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