Energia nuclear em data centers é tema de destaque em evento internacional no Rio de Janeiro (VÍDEO)


Uma solução promissora é a fonte nuclear, pelo fornecimento de energia contínuo e em grande escala, segundo palestrantes que participaram do primeiro dia do evento de negócios e tecnologia Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), nesta terça-feira (20), no Rio de Janeiro.
O presidente para a América Latina da empresa nuclear estatal russa, Rosatom, Ivan Dybov, foi um dos participantes que abordaram o tema e ressaltaram a relevância da parceria entre Rússia e Brasil nesse processo:

“Data centers também precisam de fontes de energia muito estáveis, limpas, e acho que podemos criar parcerias exatamente nesse sentido. […] a Rosatom está se articulando para esses eventos, levando justamente essa energia sustentável e limpa”, disse ele.

Ele também exaltou as parcerias entre o Brasil e a Rosatom na área da medicina:
“No setor da medicina nuclear, a Rosatom agora é a grande fornecedora de isótopos para tratamento de câncer no Brasil. […] temos parceria com a empresa IPEN [Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares] e no ciclo de combustível nuclear, porque a Rosatom está fornecendo 100% de urânio enriquecido para a produção de combustível nuclear para as usinas Angra 1 e Angra 2”, disse ele.
A empresa russa tem um contrato para conversão de urânio brasileiro e para produzir combustível da usina nuclear local.

BRICS e energia nuclear

Dybov adiantou que o tema deve ser destaque na Cúpula do BRICS, marcada para os dias 6 e 7 de julho, e na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).

“A energia nuclear vai ser um assunto importante a ser falado [na Cúpula do BRICS]. Também na COP. A energia nuclear ajuda a atingir as metas climáticas dos países, acho que é impossível atingir essas metas sem energia nuclear. Então vamos participar desse evento e mostrar alguns resultados de cooperação com o Brasil”, disse ele à Sputnik Brasil.

Paralelamente ao evento, na próxima quarta-feira (21), países do BRICS discutem, em um grupo de trabalho, o desenvolvimento de tecnologias nucleares e meios financeiros para viabilizar projetos de energia nuclear, cooperação e outras ações.
O ministro de Estado Marcos Antonio Amaro dos Santos, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência da República, também conversou com a Sputnik Brasil no NT2E.
Segundo ele, o programa nuclear brasileiro na área energética é estratégico para o Brasil, que é um dos poucos países do mundo a ter um ciclo de produção de combustível nuclear completo: desde a mineração do urânio, o beneficiamento, o enriquecimento do urânio, até o uso da própria energia nuclear:
O ministro do GSI chamou a atenção para o caráter seguro da energia nuclear, cujas aplicações são úteis para diversas áreas, como medicina, agricultura e meio ambiente.
“Mas não é somente na área energética que o nuclear é importante, temos muitas outras aplicações que são pouco conhecidas, às vezes pouco entendidas, e sofrem discriminação exatamente pelo desconhecimento.”

Deputado faz críticas à falta de investimento público no setor

Defensor da ampliação do uso da energia nuclear no país, o deputado federal Julio Lopes (PP-RJ) participou do NT2E representando o Congresso Nacional do Brasil como presidente da Frente Parlamentar de Energia Nuclear, e lamentou a demora em concluir o reator multipropósito brasileiro.

“Nosso reator multipropósito se arrasta e não avança. Um crime contra o Brasil, contra a tecnologia, contra centenas de formandos das nossas escolas, que são algumas das melhores escolas do mundo de energia nuclear, respeitadas internacionalmente, qualificadas para todo e qualquer projeto do mundo, perdendo aqui a perspectiva de futuro, milhares de jovens que têm uma contribuição enorme para dar a este país”, disse ele.

O parlamentar achou “inadmissível” que apenas 1,5% da energia produzida no Brasil seja nuclear. Para ele, a retomada da construção da usina nuclear de Angra 3 é inadiável para o futuro do setor energético do país.

Preconceito × Educação

Leonam Guimarães, engenheiro naval e nuclear, diretor técnico da ABDAN e um dos organizadores do evento, falou sobre a importância de investir na educação das novas gerações para vencer o preconceito contra a exploração nuclear brasileira.
“O Brasil é um pioneiro na área nuclear. […] temos que recuperar a posição que a gente já teve, e nossos recursos naturais, nossa tecnologia própria, nos dão essa possibilidade de nos integrar de forma mais visível e mais ativa no cenário nuclear mundial”, comentou ele. “Ainda há muito preconceito a respeito da energia nuclear […]. A grande esperança de você vencer o preconceito são os jovens, […] a percepção de que [a energia] nuclear tem um papel fundamental no futuro de toda a sociedade mundial”, completou.
© Sputnik / Sputnik Brasil / Ludmila Zeger

Protótipo de submarino com sistema de propulsão nuclear desenvolvido pela estatal Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) no Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN). Rio de Janeiro, 20 de maio de 2025

Protótipo de submarino com sistema de propulsão nuclear desenvolvido pela estatal Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) no Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN). Rio de Janeiro, 20 de maio de 2025 - Sputnik Brasil

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Protótipo de submarino com sistema de propulsão nuclear desenvolvido pela estatal Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) no Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN). Rio de Janeiro, 20 de maio de 2025

© Sputnik / Sputnik Brasil / Ludmila Zeger

O evento Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), no Rio de Janeiro, em 20 de maio de 2025

O evento Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), no Rio de Janeiro, em 20 de maio de 2025 - Sputnik Brasil

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O evento Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), no Rio de Janeiro, em 20 de maio de 2025

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Protótipo de submarino com sistema de propulsão nuclear desenvolvido pela estatal Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) no Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN). Rio de Janeiro, 20 de maio de 2025

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O evento Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), no Rio de Janeiro, em 20 de maio de 2025

Guimarães também lamentou que o uso da energia nuclear no país ainda seja mal compreendido por parte da população:
“[Há] Essa compreensão sobre a energia nuclear, fruto de alguns acidentes que ocorreram, já conhecidos. Mas hoje em dia todas as aplicações da energia nuclear são muito seguras, acho que isso é uma coisa que nós devemos divulgar.”

Sobre o evento

O evento reúne até a próxima quinta-feira (22), na capital fluminense, integrantes de mais de 15 países, autoridades políticas, representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério de Minas e Energia (MME), e empresários do setor nuclear para abordar temas como: mineração de urânio no Brasil e no mundo; os desafios para a matriz elétrica brasileira dos próximos anos; e uso nuclear para propulsão naval, entre outros assuntos.
No local também há uma feira interativa, com painéis, exposições e protótipos marinhos de ponta de empresas nacionais e estrangeiras, entre eles o do submarino com propulsão nuclear desenvolvido pela estatal Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), que faz parte do projeto do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA) e coloca o Brasil em um seleto grupo de países com domínio desse tipo de sistema.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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