Encontro promove debates sobre vivências LGBT+ em Cuiabá


Representantes da Universidade de Tokai, do Japão, estiveram na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para uma visita, com agenda variada para tratar de diversas pautas. Na última quinta-feira (31) aconteceu na Secretaria de Tecnologia Educacional (SETEC) um encontro com o objetivo de dialogar sobre as vivências da comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil e, em específico, em Cuiabá – Mato Grosso. 

Participaram da reunião o Secretário de Tecnologias Educacionais, professor Alexandre Martins dos Anjos, a Chefe da Área de Projetos Interdisciplinares da Setec, professora Débora Pedrotti, a professora do Departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências, Alice Pagan, a estudante de Filosofia da universidade e participante do coletivo LGBTQIAPN+ Universitário Hend Santana, Augusta Cesária, a professora associada ao Instituto de Educação (IE), Kátia Morosov, e os representantes da Universidade de Tokai, professor Daisuke Onuki e sua orientanda, Natsuki. 

Durante o encontro foram realizadas trocas de experiências e debates sobre  os mais diversos aspectos das vivências da comunidade LGBTQIAPN+ no cenário nacional e regional. Para além disso, foram colocados em pauta os projetos desenvolvidos na área da ciência e diversidade, assim como a intenção dos representantes da Universidade de Tokai, que possui um programa de pesquisa em Cultura e Sexualidade, em estabelecer uma parceria com a UFMT nesse sentido.

Para o professor Daisuke Onuki, aqui o tema é tratado de forma mais humanizada. “Sou do movimento de educação sexual do Japão, e estou achando que  aqui esse assunto é tratado com um olhar muito humanista, não só na questão do corpo e do sexo, mas também da relação com os outros, relação com o mundo, com a terra e com o planeta. Então, esse olhar amplo e humanista na questão do afeto é muito interessante, fiquei muito emocionado” afirmou o professor.

Do ponto de vista da universitária Augusta Cesárea, foi muito importante estabelecer um diálogo, principalmente no que se refere às diferenças culturais que existem entre Brasil e Japão no contexto da comunidade LGBTQIAPN+. 

“Nós conversamos sobre diversas temáticas, incluindo a nossa perspectiva enquanto pessoas que ocupam esse espaço da Universidade, falando um pouco sobre a dificuldade que as pessoas Trans têm em acessarem esse espaço, assim como as dificuldades em permanência. Conversamos também sobre a comunidade Ballroom – movimento político que celebra a diversidade de gênero – incluindo a possibilidade da existência do grupo no Japão. Foi muito interessante a nossa conversa,  abordando as diferenças culturais que existem entre o Brasil e o Japão no que tange a comunidade LGBTQIAPN+, foi um diálogo muito rico, muito produtivo.  É muito importante porque eu acho que me faz pensar sobre como são essas diferenças e que elas também podem ser decisivas para nossa performatividade de gênero nesse ambiente que denominamos Brasil, denominamos Cuiabá”, afirma a estudante.

Já para a professora Alice Pagan, do departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências da UFMT, o debate ajuda a ampliar o espaço de sobrevivência com dignidade para comunidade LGBTQIAPN+.

“É bem interessante que a gente faça essa troca cultural entre os processos de inclusividade e as opressões que a gente tem sofrido no Brasil, porque isso amplia as nossas possibilidades de construirmos respostas adequadas ao conservadorismo, para que a gente descubra espaços de atuação, às trincas, as frestas, onde a gente consegue sobreviver e talvez ampliar esse espaço de sobrevivência com dignidade. Sendo professora e pesquisadora é muito importante ver as questões por outros lados e também ouvidas por pessoas que vêm de outras culturas, essas trocas sempre enriquecem a ciência, enriquecem o ativismo, então vejo isso com ótimos olhos, como uma proposta à  possibilidades” explica a professora.

Futuros projetos em parceria com a UFMT

A Universidade de Tokai é parceira da UFMT há mais de dez anos, com um projeto de formação EAD de professores brasileiros para atuarem no Japão. A visita a Universidade teve como um dos objetivos o debate sobre a retomada da parceria. Para o professor Daisuke Onuki, a parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso pode ser definida como inédita e gratificante. 

“Fazem 10 anos do projeto anterior, de uma grandeza nunca vista antes, e por isso, queremos retomar as discussões. Para nós da Tokai University, a parceria com a UFMT foi uma experiência muito diferente, temos uma proximidade especial com a instituição, diferente do que temos com outras instituições fora do Japão” finaliza o professor.

Fonte: ufmt

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