Delator do esquema que desviou R$ 87 milhões da Prefeitura de Sinop (500 km ao norte de Cuiabá), o médico Luiz Vagner Golembiouski, dono da empresa Medclin, afirmou nesta terça-feira (15) que representantes da Prefeitura exigiram que ele fizesse pagamentos para outras empresas para que pudesse receber pelos serviços prestados. Um desses pagamentos foi realizado para uma cervejaria da cidade.
Em entrevista ao portal Deixa Que Eu Te Conto, o médico revelou fatos que já havia contado em sua delação premiada. Após ser expulso do esquema, que teve como investigados o advogado Hugo de Castilho e o empresário Célio Rodrigues da Silva, Luiz Vagner decidiu denunciar os desvios, que, além de causar prejuízo aos cofres públicos, deixou a população sem o atendimento contratado.
Entre os episódios relatados por Golembiouski está a vez em que ele foi obrigado a pagar notas de uma cervejaria como se ela tivesse prestado serviços dentro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município. “Eu estou pagando nota de cerveja aqui para serviço público dentro da UPA? Não existe isso”.
“Pessoas de má índole coordenavam tudo de dentro da Prefeitura (…) São eles que pilotaram esse esquema criminoso”, afirmou o médico, que mencionou a ex-secretária municipal de Saúde, Daniela Galhardo como parte do esquema em que culminou com afastamento da gestora.
Na entrevista ele também contou que teve prejuízos na vida pessoal por causa do escândalo do esquema em que esteve envolvido. Entre eles esteve a morte de sua mãe, que cometeu suicídio durante a repercussão do caso. “O que eu mais amava eu perdi. Para mim, não tem muita coisa que possa me abalar mais”.
Apesar de ter participado do esquema, na transmissão ele adotou uma postura anticorrupção. “Roubar dinheiro da saúde é tão feio quanto bater em pai e mãe. Um real desviado é um remédio a menos, uma vida a mais em risco”.
Fonte: nortaomt