Você sabia que, hoje em dia, a maioria dos peixes que consumimos são de cativeiros? Por isso, a alimentação é feita artificialmente pela ração. Os cientistas têm se questionado, como pode ser possível nutrir esses peixes de cativeiro de forma adequada, sem sobrecarregar os ecossistemas e ainda atender a demanda do mercado que só cresce nos últimos anos?
Pensando nisso, a startup SalmoSim, criada em 2016 na Universidade de Glasgow, está investindo em pesquisas curiosas que desenvolveram um alimento para peixe à base de plástico. Como funciona?
Alimento para peixe à base de plástico
Os pesquisadores da universidade estão trabalhando com larvas de traça-de-cera, um verme que é considerado praga na apicultura. Porém, no mercado, é produzido para ser ração animal.
Normalmente, as fórmulas usadas nos alimentos dos animais em cativeiro marinho são os resultados de ingredientes de origem animal somado de outros de origem vegetal, como vísceras, ossos, farelo de soja, milho, arroz e trigo.
A inovação na alimentação começou em 2017 através da cientista espanhola Federica Bertocchini, que descobriu que os animais são capazes de auto-degradar polietileno.
O polietileno é um dos polímeros mais utilizados no mundo, sendo encontrado em diversas aplicações do dia a dia, desde sacolas plásticas até peças de equipamentos industriais.
Os peixes são capazes de comer a substância que produz as sacolas plásticas. Inovador, não é mesmo? A pesquisa é inédita e está sendo realizada pelos pesquisadores da Glasgow, que estão testando as traças-de-cera alimentadas com polietileno para a produção da ração de salmão de cativeiro.
Até agora, os resultados da testagem parecem promissores, o próximo passo é testar a digestibilidade do alimento, ou seja, se a ração de plástico é absorvida bem pelos peixes integralmente. Além disso, será feito pesquisas se o salmão fica próprio para consumo humano quando alimentado por essa ração. Será?
Se o resultado foi positivo, a startup SalmonSim irá resolver dois problemas de uma vez só: a reciclagem de um dos grandes poluidores do mundo, o plástico, e ainda introduzir sustentabilidade na produção de ração para animais em cativeiro, um assunto polêmico para muitos.
Peixes em cativeiro ou aquicultura
A criação de peixes em cativeiro, também conhecida como aquicultura, é uma atividade econômica importante em várias partes do mundo. O processo permite a produção de peixes em ambientes controlados, onde a alimentação, o clima e as condições da água podem ser monitorados e ajustados para maximizar o crescimento dos peixes.
O processo de criação de peixes em cativeiro, geralmente, começa com a seleção de uma espécie adequada para a região e para as condições de cultivo. Em seguida, os peixes são criados em tanques ou viveiros que podem variar em tamanho e formato, dependendo do tipo de peixe e da escala de produção.
Durante o processo de criação, os peixes são alimentados regularmente com uma dieta balanceada. Além disso, os criadores podem usar técnicas de controle de doenças e parasitas, como a administração de medicamentos, vacinas e a separação de peixes doentes.
A criação de peixes em cativeiro pode ser uma forma sustentável de produzir alimentos de alta qualidade, reduzir a pressão sobre as populações selvagens e criar empregos em áreas rurais. Entre 2021 e 2022, mercado de peixes em cativeiro cresceu 2,7% e atingiu um total de 53 milhões de toneladas métricas.
De acordo com o relatório da Global Animal Protein de 2023, a produção mundial de proteína animal deve agradecer a aquicultura pelo crescimento.
Fonte: capitalist