Nesta quinta-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia alusiva da presidência do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do BRICS, que passou a ser chefiado por Dilma Rousseff.
Ao longo de seu discurso, Lula indagou por que o BRICS precisava do dólar e defendeu uma moeda própria para o bloco, uma vez que pode trazer uma situação mais tranquila para os países.
“Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda? Quem é que decidiu que era o dólar? Nós precisamos ter uma moeda que transforme os países numa situação um pouco mais tranquila, porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para exportar”, afirmou o presidente citado pela Folha de São Paulo.
Lula ainda reafirmou a pergunta, do “por que o BRICS não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre o Brasil e os outros países?”, perguntou. “Eu acho que o século XXI pode nos ajudar, quem sabe, a fazer as coisas [de maneiras] diferentes“, complementou.
Bom dia no Brasil! Em Xangai, participei da posse de @dilmabr como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics e visitei a fábrica da Huawei. O NBD é uma grande iniciativa para um desenvolvimento mais equilibrado do mundo.
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— Lula (@LulaOficial) April 13, 2023
Entretanto, o mandatário admitiu que “é difícil, porque tem gente mal acostumada“, mas também é necessário não apressar a mudança, voltando-se para Dilma e sugerindo que ela aprenda com a “paciência” da China, escreve a mídia.
“O Banco do Brics representa muito para quem sonha com um novo mundo, para quem tem consciência da necessidade de desenvolvimento e que, portanto, precisa de dinheiro para fazer os investimentos”, acrescentou.
Lula acredita que o NDB pode ser uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI), visto que, quando o FMI empresta dinheiro a países em desenvolvimento, “se sente no direito de mandar, de administrar a conta do país”.
“Não cabe ficar asfixiando as economias como estão fazendo agora com a Argentina, o FMI. Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta porque está devendo. Os bancos têm que ter paciência e, se for preciso, renovar os acordos. O FMI ou qualquer outro banco, quando empresta para um país do Terceiro Mundo, as pessoas se sentem no direito de mandar, de administrar a conta do país. Como se os países virassem reféns daquele que emprestou dinheiro”, afirmou.
O presidente também criticou os obstáculos à ampliação do poder das economias emergentes no FMI e no Banco Mundial e defendeu a expansão do número de integrantes do NDB, afirmando que Dilma dará impulso à mudança.
Dilma endossou o discurso de Lula e disse que pretende ampliar o recurso às moedas dos próprios integrantes também para os investimentos a serem aprovados.
“Buscaremos financiar nossos projetos em moedas locais, privilegiando os mercados domésticos”, disse Dilma, acrescentando que vai buscar “construir alternativas financeiras robustas”.
Ao mesmo tempo, Lula afirmou que que o NBD pode ser “o grande banco do Sul Global“.
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0Reunião com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Roussef, o presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e congressitas brasileiros, Xangai, 13 de abril de 2023
Reunião com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Roussef, o presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e congressitas brasileiros, Xangai, 13 de abril de 2023
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0
Após a posse, o presidente e sua comitiva de congressistas seguiram para fábrica da Huawei, onde foram recebidos por representantes da empresa e testaram alguns produtos da marca.
A Huawei Technologies, considerada pelos Estados Unidos um risco à segurança, é uma empresa privada que se vê no centro das disputas sino-americanas. A decisão de Lula de visitar a gigante chinesa atendeu a um convite feito pela empresa, que está presente no Brasil há mais de 20 anos.
A agenda do petista à China tem gerado incômodo junto a diplomatas americanos, segundo relatos feitos à CNN.
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Huawei
em Xangai, 13 de abril de 2023
em Xangai, 13 de abril de 2023
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Huawei
em Xangai, 13 de abril de 2023
em Xangai, 13 de abril de 2023
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0
Vale lembrar que em 2021, a administração Biden, representada pela visita do conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, à Brasília, disse ao então governo Bolsonaro que o Brasil poderia ser parceiro global da OTAN se abandonasse a tecnologia 5G da Huawei, conforme noticiado.
Fonte: sputniknewsbrasil