Em recomeço no Brasil, China Telecom mira Norte e Nordeste e conexão com a Ásia


Com 87 bilhões de dólares de faturamento e 390 mil funcionários, a China Telecom é uma das maiores empresas da Ásia. É, também, uma das companhias chinesas mais interessadas em expandir sua presença no Brasil.

A empresa está no país há nove anos e já chegou a negociar a compra da operadora Oi, depois vendida para uma aliança formada por Claro, TIM e Vivo. Nas últimas semanas, num discreto escritório na região da Vila Olímpia, em São Paulo, a China Telecom voltou a se organizar para turbinar seus negócios no Brasil. Quem passa a comandar a operação brasileira é Denis Monteleone, um veterano do mercado de telecomunicações, com passagens por gigantes americanas como AT&T e Verizon. Ele recebeu a EXAME no novo escritório da companhia e falou sobre para o futuro e sobre os potenciais de negócios entre Brasil e China.

Fique por dentro das últimas notícias no Telegram da Exame. Inscreva-se gratuitamente

Quais as prioridades globais da China Telecom?

A empresa é um dos maiores fornecedores de serviços mundiais integrados de telecomunicações. E tem um compromisso de longo prazo com o desenvolvimento de operações globais. A China Telecom está presente em mais de 70 países e tem fibra ótica submarina conectando Ásia, Europa, Estados Unidos, África e Brasil. Tem mais de 200 pops (ponto de presença) espalhados no mundo todo e 41 cabos submarinos. No Brasil, a empresa foi estabelecida em 2012, e em 2014 começou a operar. Hoje temos 13 pops, em 5 estados com escritórios (São Paulo, Rio, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Temos 140 clientes, para quem oferecemos soluções de conectividade.

Sua chegada há algumas semanas representa um novo passo para uma empresa que está aqui há nove anos?

De 2014 a 2023 a empresa vendeu um único produto, o acesso à internet. Mas temos um portfólio de serviços, que incluem cloud, conectividade, IOT, SD-WAN, produtos que já estão no nosso pop para atender o brasil. O objetivo é atender clientes corporativos com essas soluções. Vamos replicar no Brasil um modelo que adotamos nos Estados Unidos e na Europa. Vamos crescer no Brasil e ao mesmo tempo fazer a expansão para México, Chile, Argentina, Colômbia.

O foco é atender empresas chinesas?

Esse é o primeiro grupo de clientes. Hoje temos cerca de 300 empresas chinesas estabelecidas no Brasil. Eles têm um desafio com a parte de TI. A China Telecom fornece suporte de tecnologia da informação, de data center a rede local. A barreira linguística é um fator que existe. Nós temos especialistas no Brasil que falam mandarim e conseguimos entender a necessidade do cliente. O segundo grupo de clientes são as 70 empresas brasileiras que já estão estabelecidas na China e outras que queiram fazer negócios na Ásia. Queremos ajudá-las a consolidar seus negócios.

Por que esses planos renovados para o Brasil neste momento?

É um novo marco. É um momento singular que o Brasil está vivendo com o novo governo. A relação de negócios está aumentando pela empatia que existe entre os dois países. Isso tem gerado interesse em mercados como agro, eletricidade, logística e transporte. A china está se extarnalizando, para Estados Unidos e Europa, mas também para a América Latina, com fábricas na Argentina, no México e no Brasil. Existe uma estratégia do governo chinês de explorar esse mercado internacional fazendo investimentos pesados. O brasil é o país que mais recebeu investimento da china em 5 anos.

O crescimento será orgânico, ou existe interesse em fusões e aquisições?

Existe interesse em fusões e aquisições. Estamos abertos para isso.

Você disse que os chineses são acelerados ao fazer negócios. Mas a China Telecom está há nove anos. A hora de correr enfim começou?

Começou. Estamos tendo um apoio muito forte da China Telecom Americas em projetos globais, executivos vindo aqui toda semana. Temos uma demanda de contratação boa para esse ano e vamos crescer mais no ano que vem. Hoje temos 15 pessoas, no final do ano teremos 25 pessoas e no próximo ano, 50.

Qual o investimento previsto para o curto prazo?

A empresa fez investimento nos últimos anos para os 13 pops. E continuamos fazendo investimentos. Nosso cloud já está instalado. Queremos no ano que vem expandir a rede para Norte e Nordeste do Brasil, entre 2024 e 2025. Teremos 7 pops adicionais entre 2024 e 2025.

É preciso quebrar alguma resistência a investimento chinês em tecnologia no Brasil?

O investimento está atrelado a oportunidade. Pode chegar com a expansão da rede, ou com a aquisição de uma nova empresa, ou de várias empresas. Brasil e China são duas culturas diferentes. Mas há uma convergência de momento, de buscar um caminho conjunto. Focamos empresas brasileiras que buscam se estabelecer e desenvolver negócios com a Ásia, e gostaria que as empresas nos vissem como um facilitador, um provedor de tecnologia.

Fonte: exame

Anteriores Áudio e vídeo acelerados podem afetar capacidade de reter informação
Próxima Confira 8 programas de inovação e de aceleração com inscrições abertas para a sua startup decolar